Cachoeiras de Balsa Nova
Pra bom entendedor, meia Balsa Nova já resulta em duas cachoeiras inteiras. E lá há muito, muito mais que isso por conhecer. Deixando de lado as clássicas Cachoeiras do Bruel e do Alemão, percorremos várias outras quedas rústicas artesanais veganas nas cercanias dos distritos de São Luís do Purunã e Tamanduá. O incitador desta contenda foi o Caio, vulgo Cheps. Nem tão vulgo, enfim, parece tratar-se de um bom homem.
Mas nem só de mazelas vive o homem, seja ele bom ou não. Para alívio de todos, fomos motorizados até o alto da serra, na região do pedágio. Dali, uma missão não-tão-modesta quanto possa parecer: enfrentar estradas de saibro, trilhas de barro, canais de água, cercas farpadas, cordas molhadas, entre outras mídias rurais. A meta mais audaciosa era alcançar Witmarsum com um café colonial ainda aberto - objetivo frustrado na estressante cansativa conterrânea expedição Serra Sete Rios.
O primeiro prêmio foi a Cachoeira do Pedágio, lugar já bem conhecido pelos escaladores da região. De frente para o cânion da Faxina, a queda impressiona bastante - certamente uma das maiores da região. Pelo tempo e pela ambição, só demos uma olhada por cima.
Pernas-pra-que-nos-queríamos, descemos sentido Rio das Mortes - denominação que nos inquieta desde 2004 (ainda que não aspiremos qualquer elucidação empírica). Não menos inquietante é a beleza das pequenas cachoeiras que se formam em seu curso, especialmente onde estivemos, nas proximidades da ponte nova.
Alguns quilômetros adiante estávamos diante de uma linear e bonita queda do Rio Tamanduá. Ou quase diante, pois ainda teríamos que descer uma bela pirambeira com corda molhada para chegar até a (recompensadora) base da singular cachoeira.
Sufoco por sufoco, o próximo foi atravessar a Ponte do Arcos, mais uma vez. E aí que as coisas complicam. Não, não só por atravessá-la. O causo é que, dos lados de lá da dita ponte, já não existe qualquer acesso público por estrada. Porém, quase inexplicavelmente, existe um atrativo turístico. E essa conta aí não fecha. Trata-se da Usina Hidrelétrica do Salto Caiacanga. Conhece, não? Nem eus. Seu acesso é mesmo uma incógnita, porque os caminhos que levam a ela passam por propriedades com acesso proibido ou restrito.
- Usina Hidrelétrica - Salto Caiacanga
- Funcionando desde 1952, foi uma das primeiras no uso das águas do Rio Iguaçu para geração de energia. Importada da Itália na época, está em funcionamento até hoje.
Acesso: Somente pelo Haras Valente (Porto Amazonas), com autorização prévia de passagem. O caminho pela BR277 foi totalmente fechado e o da Ponte dos Arcos não é recomendado em função dos riscos.
Depois da inesperada usina, logramos ainda conhecer outra bela queda que quebra o leito do Ribeirão dos Custódios. Voltamos pelo famigerado caminho de sempre, sentido BR277, que também nos surpreendeu com um fechamento total de acesso (com direito a placa em letras garrafais).
Atenção! Estes caminhos, acessos e pedidos de passagem por propriedades particulares são muito delicados e voláteis. Um dia está aberto, no outro não mais. E entendemos perfeitamente os dois lados. Há sempre um bom motivo pra fechar ou reabrir. Portanto, siga o que está na Política de Uso e se planeje, em especial neste roteiro, para muitas adaptações. Respeito acima de tudo.
Cachoeiristicamente preenchidos, com bônus de usina e trilha e tudo mais, mergulhamos no gran finale: a queda no café colonial! Sim, sim, ainda aberto. Ali, o pesado do dia foi compensado em cada naco de cuca com chimia. O sol já tinha se ido quando, completando o belo circuito, retomamos os automotores. De barriga cheia e corpo lavado, sorríamos: para bom entendedor, meia dúzia de quedas Balsa.