Ponte dos Arcos
Nosso histórico não mente: as últimas expedições foram realmente amenas no quesito dificuldade. E justo por este ponto adotamos esta aventura à ponte - um projeto daqueles... ...daqueles de soltar desde as tiras até os pedais (passando pelas caixas de direção, central, toráxica e craniana). Sim, até a Ponte dos Arcos nós já fomos, mas a idéia agora era fazer um passeio chegando pelo avesso (ali por Porto Amazonas, velho conhecido), pedalando por estradinhas rurais e pelo tremido (e temido) trilho.
Sob a batuta do SuperTag LPPS, saimos de Curitiba para encontrar o Luiz 2 megapixels depois do pedágio. Passagem breve por São Luiz do Purunã, logo estávamos sobrevoando o Recanto dos Papagaios. Nós odois insistimos em fazer uma tradicional trilha adicional, leve. Dez minutos depois todos estávamos com formigas aos pés e mato ao pescoço, caçando um retorno à rodovia (que só se via muitos metros acima).
- Nota do Du
- Sabe como é, né? Eu não queria ir pela trilha tradicional para evitar travessia de rio, tinha essa mais curtinha que estava perto da BR... Havia muito o que pedalar, apenas segui o instinto de sobrevivência - assim como as formigas! (se bem que quem come formiga é tamanduá, e tecnicamente ali já era Porto Amazonas, voltar para Tamanduá só depois de cruzar a ponte...)
Resultado do instinto? Vinte minutos abrindo trilha barranco acima. Aos desprendimentos de terra seguiu-se o desprendimento do pedal do Mildão, que se jogou no chão mas não ficou esperneando (o pedal, não o Mildão). SuperTag assumiu a identidade TagBike e deu jeito, seguimos pedalando frouxo.
Porteiras, estradas de areia fofa, patinação em areia (sugestão para os shoppings de Curitiba no verão!) e finalmente chegamos aos trilhos que levam à ponte. Só tinha um caminho a trilhar: pedalar pelos trilhos. E fomos: trilhadalamos (tremendos trilhos!) de maneira tão sinérgica que até os braços ficaram dormentes. Até a ponte. Ponte dos Arcos. Estreita, larga e, o mais importante: ferroviária. Era a hora.
- Ponte dos Arcos
- Com 585m de comprimento e 60m de altura, a Ponte dos Arcos provê ligação ferroviária entre Balsa Nova e Porto Amazonas (ou, em um âmbito maior, entre a capital e o oeste do estado do Paraná). Obra de engenharia singular, a ponte se ergue sobre o Rio dos Papagaios, próxima da confluência com o Rio Iguaçu, integrando a beleza rara do cenário local.
Acesso: Em São Luís do Purunã pergunte pela estrada do Tamanduá (acesso por túnel sob a BR-277). Siga-a até o trilho e, sem cruzá-lo, tome à direita. Pouco adiante já é possível avistar a ponte.
Fonte: Guia Caminhos de Balsa Nova.
Nós do odois já conhecíamos o lugar, confiávamos em esperar o trem passar para então atravessar a ponte com tranquilidade. Mas o restante do pessoal cansou de esperar e começou a atravessar. Pensamos, pensamos - e como os outros já se iam, oras, então vamos! Todos quase no final da ponte, exceto o odois, quando alguém gritou...
- OOO TREEEEEEEEEEEEEEEEEM!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Não, um submarino. Claro que era o trem. O trem! Vindo rápido, e muito mais rápido do que esperávamos! Todos saíram da ponte salvos, salvo nós 3 do odois, ainda na metade da dita. Desespero, correria, dá tempo, não dá, aimeudeus, e agora - vai acabar o odois aqui?
- REEEFÚUUGIOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Meio aos trancos, com medo em cada fio de cabelo (e de pneu), nos espalhamos nos refúgios a rezar, dependurando as bicicletas. Refúgios? Plataforminhas de concreto meio que pendendo para fora, vários ao longo da ponte, mas todos precários (você não lembra?). A composição com quase 100 vagões demorou a passar, e nesse tempo olhávamos a fresta entre a ponte e o refúgio oscilando... Muitas coisas passaram na cabeça dos três, inclusive muito milho e soja. Pra entender mesmo só vendo as fotos e o vídeo (só assim mesmo, não tente fazer isso em casa - afinal, o trem pode estragar o carpet!).
Como se não bastasse o susto (e que susto!), o trem parou mais à frente, 3 vagões ainda sobre a ponte. Bloqueados, de castigo, os 3 sobreviventes não podiam sair dali. Mais uns minutos de espera e, finalmente, estradas! Depois de tanta bagunça (e com muita fome) seguimos para uma pousada da região, devorando um sistema bruto de macarrão, arroz, feijão e lingüiça (com trema mesmo - de fome e de susto, ainda).
Depois do almoço mais um desafio: atravessar a região de Tamanduá em direção à Fazenda Thalia (lembra?), mas por dentro do Vale - ou seja, pelo Rio das Mortes. O grande barato do lugar era a estrada que passava por dentro do rio (e vice-versa), mas quebraram o encanto e construiram uma ponte no local (sem refúgio, mas passa carro). Sem molhar os pés (e pneus), ascendemos 200m (subidinha discreta, em patamares) até voltar ao pedágio.
Antes de descer a serra, uma passadinha no Cristo para conferir a plástica recente. Nosso Tag navegador, exausto, não conseguiu mais renderizar o passeio e acabou voltando no carro com o Luiz. Na escuressência do dia, trilhamos uma volta tranquila, só que com todos vivos. Fora a câmera do Lulis (a oficial do grupo (ex, agora)), que suicidou-se no alsfalto, triste perda. No mais, todos ainda trem mendo, mas vivos.
- Ciclorootismo
- s.m. (gr. kyklos; en. roots) 1. Cicloturismo de raiz, feito na raça, puro e bruto¹, sem maquiagens e frescuras, sem exigências e preconceitos, com poucos e limitados recursos, mas bem humorado e companheiresco. 2. Cicloturismo de raiz de mandioca suja, mesmo.
(¹) Sistema bruto, mesmo.

atrasados por conta de um pneu furado, pegamos o talharini (seta branca) de saída

o néctar dos mildos, pêssego entalado, digo, enlatado direto na boquinha

sabe a ponte dos arcos? sabe? então, não é isso aqui, não

calma, thi, essa serra cansa só quando está assim, pra cima

o taglia, pra variar, de saída (saída de banho amarela, presa na pochete)

não alimente bicicletas nativas ou inativas. reprodução cíclica exclusiva em cativeiro

o taglia parado. também, com o pneu furado quem estava de saída era o ar

a primeira das muitas florzinhas que permearam o passeio

a foto parece montagem, mas não é uma fraude: é uma fralda!

o rio dos papagaios, calmo - dado que a taxa de visitação oscila muito

o gassner e sua nova magrela do gassner

diga lá: a foto está meio cheia de água ou meio vazia?

lembra do pêssego entalado? isso aqui é uma compota

o caminho estava realmente macro florido

poderia até chamar esse episódio de passeio das flores

mais? tem certeza que isso aqui é um site de cicloturismo?

tem tanta flor que dá pra fazer uma coroa (até mesmo uma 48 dentes)

não vou dizer que essa também é flor pra ninguém chorar até desabrochar

é, tagmen, a trilha acabou quebrando um galho (e um pedal, de quebra)

dou uma flor pra quem adivinhar a próxima foto!

errou! mas asfaltou pouco pra acertar!

o pessoal lá na frente visitando marco, o geodésico

e o mildão se recuperando do pedal que rolou frouxo (literalmente)

o sol deu as caras e a gente deu com a cara na porteira

mas isso a gente contorna. ("isso" se refere ao vale lá no fundo)

nem florzinha e nem mandioca suja, mas é um dos panos do ciclorootismo

pedal listradinhas no campo, com direito a areiaplane

vocês não estam sentindo falta das flores?

ou o thi estava cansado (itambém pudera), ou a piada foi muito boa

gassner e sua nova bike, a debutar - debutarprafoder!

pra esses lados o pessoal definitivamente não sabe fazer ciclovia

a hiperflorescência do passeio só não foi maior porque o foco aqui tá na folha

daqui que vem o trem! ói, ói o trem - um legítimo piuí abacaxi!

a ponte dos arcos. se você não consegue ver os refúgios, tente chegar mais perto

as derradeiras fotos do triste dia de despedida de um componente do odois

todo mundo se divertindo na ponte, achando graça dos refúgios

sabe por que o iguaçú riu dos papagaios? porque a piada era ruim!

olha, mais uma linda foto da.... ooolhaaaa oooo treeeeem!!!!

aijisuis! aijisuis! segura a onda aí, porque aqui a louco motiva muito medo!!!

o cicloturista pro lado de fora da ponte, bike mais ainda, e o trem à toda velocidade!

presos na ponte pela parada de outrem: agora a gente que te empurra pra fora!

o taglia, de saída de onde ele nem entrou, morrendo de fome (mas não de trem)

o dú, recuperando o movimento aos poucos (aos poucos que ficaram na ponte)

nessa altura quem pedalava mesmo era o estômago de cada um

o almoço vai sair, dá pra ver no rosto dos meninos!

mas antes uma pausinha para refrescar as sapatilhas

a impressão que tínhamos é que o trem emergiria apitando a qualquer momento

agora adeus ao diacho do riacho, vamos encher o bucho e raspar o tacho

o tag, de saída, mas saindo quase carregado de fome

olha só, mais uma pro álbumquê de fotos do dia

esse negócio de flor tá desviando o foco do site, já

então, que tal mudar um pouco de tema?

não, não era bem isso que eu queria dizer...

ok, chega de flores por hoje. de trem também

aqui a feijoada batendo forte e o estômago ocupado demais pra pedalar...

um pouco de céu azul e o macarrão não caiu bem no tagliarini

a descida é divertida, mas a subida parcelada está bem à vista


segundo thitágoras, o cultivo de pinheiros hidropônicos é comum na região

olha, se ninguém contar que é florzinha eu finjo que é só de arroz

e arroz não combina com macarrão, assim como tagliarini também

e por falar nele, mais um pouco e ele e o lulis ficam literalmente na lanterninha

o sol se indo... e a gente pegando o taglia pra cristo

nosssinhora, como ficou boa a reforma! (ops, nosssinhora não, esse é o cristo)

mais um momento de riscos no quadro atual de componentes e...

...e a última foto da câmera do odois, que pereceu de encontro ao chão. deixa muita saudade e florzinhas

atendendo a pedidos, duas fotos com a definição visual de "cagaço"

(estas duas fotos são um oferecimento de fsbricio e gassner, não necessariamente nesta mesma ordem)
Expediente #
Texto e vídeo por Du, roteiro e filmagem do quase-desastre-de-trem por Leandro, outras filmagens por Thi, fotos e comentários por Lulis.
Pedalado por du, lulis, thiago, fabricio, gassner, leandro, luiz, mildo.
Publicado em 2 out 2009.