Cachoeira dos Ciganos
Eis aqui um lugar que exige uma verdadeira migração para conhecer, principalmente em se tratando de motor a pedal. Um belo (porém longo) pedal de três dígitos, com consideráveis 50km de estrada de chão e, entre ida e volta, uma boa milha de subidas. Mas que vale cada pedra solta e cada picada, sem dúvida.
A primeira parada da nossa caravana bikevana foi para um café rústico, ainda na BR-376. Não uma refeição alinhada a quaisquer princípios gourmetizadores, comensal leitor, mas sim um clássico piquenique de asfalto neochucro. Sendo tão longo o caminho quanto a meta, saímos da rodovia bordeando o famigerado Morro Redondo. Não foi a primeira vez que cruzamos essa passagem serra adentro, mas a beleza da região sempre surpreende.
- Esse lugar é incrível, parece que a gente cruzou uma montanha e chegou noutro mundo.
- Tipo aquele filme dos animais fantásticos.
- Você assistiu o filme do Harry Potter?
- Não, que esse aí é filme de Harry Potter sem Harry Potter.
- Tá, mas essa expedição aconteceu antes de sair o filme.
- Então estamos falando no futuro, a partir de um lugar fantástico.
- Humn... parece legítimo.
Passada a mágica passagem, são cerca de 15km até a clareira que dá acesso à cachoeira. Neste sentido, descendo em boa parte. Na entrada da trilha já tinha um pessoal fazendo churrasco na margem do rio, onde deixamos as bicicletas (no churrasco, não no rio). Logo de cara é preciso cruzar o próprio rio da cachoeira, o que levou alguns a acharem que valeria tirar as sapatilhas de uma vez. Acharam errado, calçados leitores. Em dado ponto da caminhada, fomos vorazmente atacados por um coletivo de formigas.
- Cachoeira dos Ciganos
- Queda localizada a cerca de 50km do centro de São José dos Pinhais, no caminho para a Represa Guaricana. Em grande parte do caminho não há qualquer recurso (nem comércio, nem população), o que confere um grau ainda mais inóspito ao lugar.
- São cerca de 20 minutos de caminhada, cruzando rios, para chegar até a queda. A trilha é sinalizada em alguns pontos mas, mesmo assim, exige atenção. Durante o percurso de ida é fundamental seguir próximo ao rio que segue pelo lado direito (são dois, apenas um leva à cachoeira).
Acesso: Na BR-376, sentido Garuva, é necessário atravessar a pista utilizando o viaduto logo após o km 632 e seguir pela estrada principal em direção à Usina Guaricana. Da saída da rodovia até o início da trilha são 23km.
Depois de 20 minutos de trilha e rio, chegamos à tão esperada cachoeira. Valeu cada picada de formiga. Sem dúvida, seria uma blasfêmia questionar a preferência dos ciganos pelo local. Depois de algum tempo de contemplação e bons banhos revigorantes, retornamos de alma gelada e lavada pela fórmica trilha.
Talvez a aventura estivesse pouco emocionante para os parâmetros ciganos. Perceber um pneu furado antes de retomar o pedal não parecia adicionar drama suficiente. Assim, feito o remendo (close na recolocação da roda, música de suspense), a blocagem quebrou. Agora, sim, tínhamos um problema (close na cara do Lulis). Muito longe de qualquer lugar, só pudemos contar com muita paciência pra fazer um coaching na rosca da blocagem e convencê-la a ser mais resiliente e buscar seus próprios sonhos. Deu medo, mas deu certo.
Agora só faltava a volta toda. O pacote incluía um sol a pino, uma estrada sem recursos e uma longa subida. Com chances altas de alguém fundir, a ocasião fez o Cheps. Um banho de água gelada aliviaria a insolação, mas a cachoeira já tinha ficado longe. Fizemos uma longa parada para comer bolacha à espera de uma luz cigana. E ela veio, na forma de água. A chuva de fim de tarde, quem diria, reanimou a todos. Entre baqueados e picados, no fim da rosca, encerramos agradecidos mais essa bela contenda.

alguém tem que levar a bandeira do nosso povo

thiago, na raia 1, espera ansiosamente pela refeição neochucra

du descasca o salame para satisfazer a todos

todos animados e alinhados em busca da cachoeira nômade (ou não)

você, entendendo pq as nossas instruções de acesso não batem com nossos kms e kmls

se você vem de garuva, seria por aqui (piazada, é pro outro lado!)

agora, se você vende saúde, o roteiro seria esse aqui

cheps não achou o trocadilho tão ruim assim não. nem o leandro. nem o du, not bad

fontes de água limpa, algo um pouco raro de se enxergar por aqui

esses cavalos não são animais fantásticos? sim, os três

uma região, no mínimo, exótica

também conhecida como universo da estrada guaricana

com seres singulares

e cachoeiras desse tamanho (isso aí é drone, rogerinho)

olha a cachoeira dos ciganos aí. a própria

o editor podia ter reduzido o brilho do du nessa foto aí pra ajudar

momento de paz, momento sem conexão, ideal para ler rótulos

momento de hesitação entre espirrar e congelar

lulis variando entre congelar e fazer uma propaganda da cachoeira

o gigante se aproxima da queda

a quedinha se torna gigante

vegetais fantásticos

vegetais no sentido de reino vegetal, né. não vamos aqui discutir plantios

tag faz uma pequena demonstração de street dance river antes da partida

caio explorer se despede do rio

o sorriso...

...já não está presente

finalmente, surge uma fonte de água fanstástica

parecia que o thiago ia passar do ponto, não o cheps

mercado com joão na fachada e um abraço pro senhor ausente
Expediente #
Texto por du e lulis, fotos por lulis, roteiro por du com informações do mundo da ceci.
Pedalado por du, lulis, cheps, thiago, joão, leandro.
Publicado em 17 mar 2018.