Serra dos Castelhanos
Sabe aqueles dias em que você acorda e pensa "poxa, que vontade de pegar um estradão, encher o tanque e seguir dirigindo loucamente até acabar o mundo (ou a gasolina - o que vier primeiro)!"? Sabe? Mas, assim, sabe mesmo? Então: a gente não sabe. Pois é. E não é? É? É.
Tudo bem, não precisa ficar sem graça. Na verdade há muitas variações sobre este mesmo tema sonâmbulo-matino-motivacional. Como um bom curitibano (sem maldade) diria: as gentes são deferentes. Sim, sim. Há os que acordam pensando "poxa, que vontade de peidar um estragão, encher a cara e seguir digerindo rocambole até acabar o espaço (ou o dinheiro - o que vier primeiro)!", ou ainda "poxa, que vontade de pregar um estradão, encher a cama e seguir desmaiado localmente até acabar o sono (ou o diasepan ou o que vier - primeiro!)". É. Tem, sim. Mas esse também não é nosso perfil matutino. Nah. Não é, não.
Agora, se você acorda pela manhã e pensa "poxa, que vontade de editar o site do odois!", olhe só, você é justamente quem estávamos procurando! Entre em contato, nos mande um email, vamos combinar um pedal, coisa e tal... É, isso aqui tá uma zona, o webmaster fica enrolando, enrolando, tem um monte de publicações atrasadas, uns textos meio bizarros meio nonsense meio quatro-queijos e...
- Nota de Interdição
- Tem gente que insiste em escrever nos dias (ou nas encarnações) em que não rende. Interditado. Próximo!
Ainda mal acordados amanhecíamos pensamentos, entre cônscios e inebriados, propulsores de nossos próprios destinos: o universo é justo, para toda carência haverá compensação. A atividade ciclo-turística, enraizada no caráter freudiando semi-lascívico do dinamismo retórico expresso em contrações musculares libidinosas calcada no culturalmente diversificado nativo ritual escapista...
- Nota de Interdição 2
- Não aceitaremos mais editores com vínculos recentes à instituições psiquiátricas. Próximo!
Ok, Ok. Vamos tentar um texto breve, descolado, objetivo e divertido, ok? Ok. Foco, tem que ter foco!
O clima não era dos melhores, mas as intenções sim: pedalar até desgastar completamente as peças, incluindo as do ciclista. Saindo pela BR376 (aquela que o resto do país conhece como BR101), rumo sul, entramos à esquerda no primeiro posto da polícia rodoviária. Muita terra, muita chuva (somando estes já temos muita lama), muito frio e muito vento, muito desgaste da relação (achei que ia acabar com a bicicleta naquele dia), muita diferença altimétrica (mas, olhe, muita mesmo!), descidas e subidas infinitas (que se cruzam num ponte de convergência), mas, enfim, um passeio muito (mas muito mesmo) proveitoso!
Se achas que este passeio não vale nada consulte o perfil do trecho de terra e veja que vale. E, ufa, que vale! (Obs.: se o perfil não te agradar não precisa deixar scrap).
Bah, e proveitoso lá é adjetivo pra passeio assim? Foi, sim, um tesão de passeio! A neblina não conseguiu roubar a beleza natural que nos cercava - e as estradas que tomávamos eram tão divertidas quanto belas. Chegamos a cansar de descer e, claro, pra compensar, pagamos ao cansar e cansar e cansar de subir e subir e subir... Nós praticamente subimos a serra por estrada de terra - e pedalando! Tá, empurramos bastante, mas pedalamos pacas! E pedalamos bicicletas, também!
Voltamos à BR376 no 2º posto da polícia rodoviária, conhecido como referencial para início da descida da serra. Descida! Ah, que ilusão - nós vamos é para o outro lado... Mas vá lá, se a volta pela BR376 é sempre cansativa (viste a quilometragem?), a diversão de ter castelhanado por aquela beleza de serra, até então desconhecida por nós, compensava. Ah, o passeio foi realmente ótimo... E o texto, ficou bom? Melhorzinho? Menos maluco? Beleza? Issaê, toca Rauuul!
- A Serra dos Castelhanos
- Localizada dentro da APA Estadual de Guaratuba, no extremo leste de São José dos Pinhais mas ainda permeando os municípios de Morretes e Guaratuba, entranhando-se entre os vales dos rios São João e Arraial, à sudoeste da famosa Serra do Mar paranaense, encontra-se ela: a Serra dos Castelhanos.
- A serra, homônima da colônia local, fora assim denominada pela população em função de malfeitores espanhóis que se abrigavam na região no início do século passado. A maioria das estradas de terra que permeiam a serra são de uso para acesso à colônia e às usinas hidroelétricas de Chaminé e Guaricana - usinas de pequeno porte, responsáveis por menos de 1,2% da energia fornecida pelo parque gerador da Copel.
- As belezas naturais da mata atlântica (embora em parte violada pelo reflorestamento homogêneo de pinus), juntamente com os longos e inclinados desníveis da estrada que corta o vale do rio São João, costumam atrair a frequência de motociclistas, jipeiros e cicloturistas.

osdois na sempre traumática br376, torcendo em vão para que o passeio seja leve

mas não era pra descer serra? é, é, mas é por aqui sim, um atalho ótimo, acreditem

muito boa: quem consegue dizer onde acaba o pneu? aliás, quem consegue acreditar que tem pneu?

o tempo não tá lá essas coisas, mas essas descidas aterradoras são ótimas...

...são ótimas indicações de que logo abaixo vai ser hora de ficar atoladinha!

assim até perde a graça de fazer competição pra ver quem mais tem terra

é impressão minha ou tem mais bicicleta que cicloturista nesse passeio?

aaah, riachinho depois da lama... os pneus que me perdoem, mas agora é hora de lavar a égua!

arce, tão limpinho que nem dá pra mentir que saiu pedalar hoje, parece montagem...

eh, tinha que colocar pelo menos uma sombra embaixo do arce pra disfarçar a montagem

mais uma da série "as incríveis subidas que descem" - e fazfavor de sujarce!

a estrada ta aí só pra quebrar o tom e não deixar a foto essencialmente verde

ah... paz, silêncio, distância de tudo e de todos... nessa hora eu penso: putaquepariu, me perdi!

bah, assim é óbvio que a gente se perde: olha a volta que a gente deu!

ih, tudo bem, eu tava brincando, ninguém deu a volta, não... cada um no seu quadrado

aaaaah, olha a cara do thiago de quem quer dar a voltinha! e o arce se adiantando, humn!

situação perto das 11h: neblina, neblina, pinheiro, neblina e paudepé

ahá! pararam pra tirar foto do paudepé, né? danou-se, tava lá no canto da foto 17, agora já foi

essa foto é pra deixar claro que a neblina fazia questão de deixar tudo claro

indicação aérea para vôos da rota república tcheca - irlanda. verdade, procura o código iata pra ver!

tá, a placa é da usina hidroelétrica chaminé. mas tá uma porcaria de ler, né? tente outra vez

barrancada meio surreal mas de verdade. verdade. sem erosão de ótica

a estradinha é tão mágica que dá pra imaginar os elfos escondidos pela mata

sobrepujando o temor sucitado pelas brumas ele encarava o desconhecido - e levava minha bike, porra!

aqui estamos parados porque não aguentávamos mais descida, dá pra crer?

é, agora a gente quase conseguiu sujar um pouco a bicicleta...

fala, thi: verdade que quase sujou a bicicleta, né?

ah! achei o óculos do arce! tá aqui, ó, jogado no meio da estrada de terra!

êêê! paralamas pra que te quero! um abraço pro herbert!

cara melado, com flocos crocantes

a camiseta tá bonita, mas essa piada suja do "tem terra atrás" já tá ficando enjoativa

tudo bem que a camiseta da criança é azul (era), mas queria ver o omo dizer que lava mais branco!

nesse ponto a descida decidiu parar de descer e nós supunhamos que a subida iria subir

mas a subida parou quando o arce parou de pedalar pra trocar o pneu que começou a esvaziar

é justo em subidas que não sobem que brotam as questões existenciais como a da curvatura da banana

thi, eu não ia dizer nada, mas o pessoal da foto 21 disse que tua bike tá uma porcaria só...

opa! e a subida desceu e desceu e nós chegamos no rio são joão! que maravilha!

todo mundo alegre, né? sabem o que vale depois do rio que vem depois das descidas infinitas?

ééé... subidas infinitas... agora é subir a serra por terra pra, só então, começar a voltar...
Expediente #
Fotos e divagações por Lulis, mais algumas fotos por Thiago.
Pedalado por lulis, thiago, arce.
Publicado em 14 out 2008.