Erechim
Conhecer e reconhecer novas paragens, fazer amigos e rever os antigos, rolar horizontes, respirar novos ares e sentir o tempo desacelerar. Assim é a essência de uma jornada cicloturística, e é imersa nessa essência que se desenrola (cilicamente) esta bela expedição.
Entre rodovias movimentadas e carreiros esquecidos, cidades urbanizadas e pequenos povoados, sete dias pedalados separaram a industrial Joinville da gauchesca Erechim. Um sonho antigo de Mr. Heil (no vídeo que o diga), realizado na companhia do (também realizado) companheiro de peleia, Lulis.
- Erechim
- Situada na região do Alto Uruguai, norte do Rio Grande do Sul, Erechim é uma cidade amistosa que, apesar do seu significativo desenvolvimento urbano, preserva harmoniosamente a simpatia interiorana e os arraigados costumes gaúchos.
- A exemplo de muitos povoados surgidos no início do séc. XIX, Erechim cresceu às margens da ferrovia RS-SP, sendo colonizada por imigrantes de origem polonesa, italiana e alemã. O nome Erechim significa "campo pequeno", denominação dada pelos antigos habitantes da região, os índios Caingangue.
Fonte: Prefeitura de Erechim.
A exemplo dos antigos tropeiros, nossos aventureiros percorreram os rincões de Santa Catarina e Rio Grande do Sul encantando-se com as paisagens, os costumes e as pessoas que encontravam pelo caminho. Como os tropeiros, levaram nos alforjes tudo de que se carece: roupa, comida, equipamento e disposição. E ao fim da lida, como os tropeiros, trouxeram para casa os bons momentos selados pela hospitalidade do gentil povo do interior. Acompanhe aqui o que a história, entre seus fatos e fotos, não nega.
Capítulos
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1Vale do Selke 1 dia 127 kmDIA 1 joinville, guaramirim, massaranduba, vale do selke, blumenau, indaial
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2Braço do Trombudo 1 dia 109 kmDIA 2 indaial, ascurra, apiúna, lontras, rio do sul, agronômica, trombudo central, braço do trombudo
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3Otacílio Costa e Lages 1 dia 80 kmDIA 3 braço do trombudo, serril, otacílio costa, palmeira, lages
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4Salto Caveiras 1 dia 69 kmDIA 4 lages, salto caveiras, capão alto, campo belo do sul
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5Hidrelétrica Campos Novos 1 dia 83 kmDIA 5 campo belo do sul, cerro negro, anita garibaldi, barragem de campos novos, celso ramos
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6Pinguela do Rio Canoas 1 dia 74 kmDIA 6 celso ramos, rio uruguai, barracão, machadinho
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7Erechim 1 dia 81 kmDIA 7 machadinho, maximiliano de almeida, ligeiro, viadutos, gaurama, erechim
Os dias que antecedem grandes viagens não costumam ser fáceis. Se a fé move montanhas (ou, ao menos, cicloturistas por seus caminhos), preocupação e ansiedade movem montanhas de substâncias pelos caminhos do corpo, transformando até mesmo o almejado sono reparador em uma espera angustiante. Mas a véspera nem sempre é assim, ruim. Quase isso.
Se hoje é o dia 1, Mr. Heil está às vésperas da viagem desde o dia -200. Meses de planejamento, discussões, consultas, rotas traçadas e destroçadas. E tudo para aprender que sempre há o que aprender pelo caminho. Mas isso é pra outro dia, por hora o papo de hoje é ontem, o dia -1.
- Nota retroativa não oficial
- Para o nosso ansioso Lulis a viagem começa na véspera, nos 130 km percorridos de Curitiba a Joinville para aquecer e magoar pneus e joelhos. Você não leu isso.
Partindo do princípio (e abandonando a pré-história), o princípio foi Joinville, de onde partem em bom ritmo nossos dois ciclotropeiros. Com um bom tanto de asfalto plano, outro tanto de terra aos montes (e montanhas), parte do dia coincidia, embora não por coincidência, com o velho conhecido circuito vale europeu (parte muito bonita, diga-se de passagem).
- Vale Europeu
- Muitas informações aqui mesmo!
No caminho encontramos a sensacional figura de seu Orlando Pio (76 anos), voltando de uma das suas viagens de "zica" (que é praticamente uma bicicleta, só que em Santa Catarina). Entre as redes de pesca que levava para remendar nas pausas do caminho, nos confessou que recentemente ganhou uma passagem pra visitar uma filha no Canadá, mas preferiu vender: Canadá eu já conheço, posso ficar com o dinheiro?
- Notou
- Enquanto isso, uma misteriosa mensagem é decodificada na base de operações do odois:
- - Hoje observei dois integrantes pelas ruas de Joinville.
- Falha de segurança! Emitir alerta, enviar tropas, contornar situação - agradecer, sorrir e seguir viagem.
No fim do dia, com o saldo de um pneu furado por cabeça (na verdade, por arames), mais uma queda e uma corrente rompida do Mr. Heil, mais um joelho rangendo do Lulis, chegamos exaustos em Blumenau. Só que ainda tinha mais um pouquinho. Estradas e balsas interrompidas, ganhamos uma boa volta extra antes de repousar (estômagos e cabeças) sob a abençoada acolhida do Nelson na companhia do Celso, grandes amigos e cicloturistas que já apareceram por aqui e por muitas outras paragens por aí. Pouso e repouso mais do que agradável, dormimos sorrindo.

margarete inspeciona os veículos antes da partida no QG oficial de joinville

pra começar com um gostinho familiar, vamos de arrozdovia

mr heil e o óculos que em breve não seria mais visto em nenhum grau

e o lulis com um que dá pra ver a paisagem com efeito sepia

arroz nas margens da bela, plana e convidativa rodovia do arroz

humn, que beleza de varanda sobre o rio, hein?

que tal uma paradinha pra alimentar o corpo e os mosquitos?

seu orlando pio, viajando de zica do alto dos seus 76 anos

a antiga casa enxaimel encostada com a zica do seu orlando ao fundo

parece que o pessoal por aqui gosta de morar na beira de um riachinho, hein?

é quase igual a grama, mas bem diferente

parece que esqueceram da casa ao lado do rio, mas tem uma por perto, pode crer!

subindinho de leve que o dia hoje é de muito sobe-e-desce, mesmo!

sobe e desce e vai e vira e sobe mais!

intersecção com o vale europeu, olha a seta amarela no ponto!

até não é difícil imaginar porque chamam o vale de europeu por aqui

bom, toca que ainda tem muito chão até o fim do dia!

já no apto do nelson, com o celso, amigos ciclo anfitriões em indaial. gira, pedal!
Enquanto agradecíamos a hospitalidade e carinho do Nelson, decidimos por reparo cada um no seu cavalo. Passando na bicicletaria antes mesmo de sair, Mr. Heil fez a regulagem no câmbio traseiro (que continuou saltando) enquanto o Lulis promovia o rodízio de pneus (que pararam de furar). Tudo em cima, pneus no solo e pedais ao vento.
Em um dia de bastante asfalto (asfalto agradável, bonitinho, bem apessoado), poucas surpresas. Ao fim do dia o forte vento lateral castigava enquanto saíamos do asfalto e entrávamos nas belas paisagens. Estendemos um pouco o trajeto e chegamos à noite em busca de um hotel surpresa (boa surpresa). Boa janta, caímos para dormir, mais uma vez, como se tivéssemos pedalado o dia inteiro. E assim foi.

postas as vestimentas uniformes, saimos sob a benção do amigo nelson

na estreita apiúna, a alta igreja

fazendo jus mais ao turistas do que ao ciclo

não dá pra reclamar, tem mais espaço pros nossos caminhões do que pros deles...

e entre montanhas e cachoeiras reside a temida e maltratadora... subida!

cada qual que corra no seu leito

primeiro as plante, depois aponte

sabe como é que o velhinho atravessa a ponte? com segurança

peraí que caiu um cisco no meu canhão

de seco não dava pra acusar o roteiro do dia

nem de agitada se acusaria a estrada: nem um pio

mas nem só de costear rios vive um cicloviajante

sobe mais, sobe mais um pouquinho!

meia hora esperando e não apareceu nenhuma!

para pentear coqueiros aguarde plantado no acostamento

com tanta água e sol não dá pra saber porque o arroz já não se colhe cozido

a esbelta katerine e seus polêmicos mamilos revescórnios

uma grande publicação se aproxima a estibordo, senhor! (te lembra?)

verde, velha mas bem conservada. diferença pra foto anterior é só a cor

ah, ah lua! quem te vê daqui não vê que tu é que mais vê, e de camarotchê!

em algum lugar desse negócio moram os ursinhos carinhosos

bah, um rancho assim é bom demais, vivente!

as pinguelas fizeram a alegria dessa viagem mais de uma vez

tem mais um pouquinho?

um tremendo (trombudo!) pôr-do-sol pra fechar o dia solrindo

arquitetura típica enxaimel, de tão rica é quase irreal

chegada à noite de mais um dia puxado, há que se dar o braço a torcer
No hotel: bom sono, bom café, bom preço, bom papo. Tudo de bom e, como diria o amigo Tadeu, show de bola. Tudo conspirava a favor. Mas não era favor nenhum, nem conspiração: era a compensação prévia para a condensação que viria na suada subida em "s" da saída da serra do serril.
Depois de muita subida, com muitas paradas pra comer (altas paradas) e descansar, naturalmente surgiam alucinações entre a alvura da neblina que cegava e a altura do topo que não chegava. E no fim, depois de 600m de desnível, todas as subidas que vinham pareciam estar no plano.
- Nota alucinógena
- O misterioso helicóptero que sondava o serril durante a íngreme subida não fora alucinação, mas sim mais uma revelação transfigurada do tobateísmo.
Serras passadas, coube em Otacílio Costa uma parada para um almoço restaurante no melhor estilo clube irmão caminhoneiro. Algum trecho de asfalto com muito sol, muito caminhão e pouco acostamento depois, Lages deixava de ser longe e os pneus pediam repouso. Uma parada mais que estratégica na casa do cicloamigo embratélico de Mr. Heil, o gentil anfitrião da vez: Wilson. Mais uma noite de papo saudável, boa comida e bom sono - todos providenciais para preparar o terreno para as surpresas do dia seguinte...

tadeu, amigo de porta de hotel, empolgado com a causa do cicloturismos, show de bola!

a onírica visão do início do serril. serril porque num era ocê que ia subi!

véi, na boa, vocês levam essa carga toda e eu que sou quadrúpede?

quase um poema sobre deixar a vida crescer viçosa apesar das nossas limitações

quase um poema sobre ter força pra sair do buraco

quase um problema era o joelho do heil aberto

e o serril tinha esse nome por causa da serra e da serração. ou não

para ferrovia a guarde no barranco

no alto do serril já não tem mais o serril, tão levando de pouquinho em pouquinho...

macacos albinos me mordam, santa serração, batman!

nem santo antônio do alto da capela escapou da invasão alva

se não tiver ao menos uma florzinha não é uma publicação do odois

de capelas, igrejas e boas intenções de pedal o serril tá cheio

é a linha que anda meio desligada ou só a vegetação daqui que é meio aérea?

parece que finalmente alcançamos a popa da publicação, senhor!

paradinha pra tirar um lanche da manga, uma manga do lanche ou algo assim

pra quem não conhece (ou acha que não existe mais), isso é uma cabaça!

bonito, o caminho. pena que não era o nosso. mas bonito era

hora de reensacar os petiscos e botar o pneu na estrada novamente!

ô, ô, ô lulis, vamos dar mais uma paradinha, hã?

não tava bem no ponto mas, como diria a minha vó: é o jeito da madeira!

as vezes o acostamento é muito mais justo do que gostaríamos... injustiça isso

no último top antes de chegar no alto das lages, deixamos uma bela vista pra trás

e encontramos uma bela encrenca pela frente, ô lugarzinho ruim pra se acostar, tchê!

acesso à serra do rio do rastro: ai, se eu te pego!

lages, lages, lages. com gê. mas é por aqui que assentamos hoje

uma boa pizza com o vilson, mais um grande cicloanfitrião e amigo. gira, pedal!
O despertar mostrou um dia nublado, mas não triste - apenas fresco. Bom asfalto e bom rendimento saindo de Lages, tudo parecia fluir muito bem. Depois de uma respeitável descida até a represa do Rio Caveiras, muitas fotos e a alegria de um dia de pedal que já começava muito bem - e prometia muito mais.
- Rio Caveiras
- Situado a 20 km do centro de Lages, o Salto do Rio Caveiras alimenta a usina hidrelétrica que antigamente abastecia a cidade. Ao lado, a represa forma um grande lago artificial utilizado para lazer e competições náuticas, com um piêr panorâmico e uma cascata artificial que dá vazão ao rio. Nas margens da represa há locais para banho de rio, pesca e camping.
Fonte: Secretaria de Turismo de Lages.
A saída da represa se mostrou um pouco acidentada, por uma estrada de terra em obras. Diversão, de toda forma. Mais algumas subidas e subidas, faz parte da brincadeira. Algumas pedras soltas aqui, outras ali, desce para empurrar bike em alguns trechos de pedras grandes soltas, mais algumas na subida adiante, outras mais na descida e pedr...
- Peraí, peraí! Vai ficar nesse empurra-empurra?
Pior que ficou. A estrada de terra tinha tantas "recapagens" de pedregulho solto que forçou um ritmo lento, na base do nem-tão-radical empurracing. E os 15km de pretensa diversão foram por água (ou pedra) abaixo, tomando mais tempo que todo o restante do trecho. E tanto tomou que faltou água (pedra sobrava) a ponto de adentrar fazendas pra pedir um chorinho. A dificuldade foi tanta que o planejamento foi refeito para ocupar um hipotético dia de folga.
- Empurracing
- Modalidade desportiva caracterizada pelo movimento continuamente desacelerado, praticada com o uso de veículos bicíclides de propulsão humana, muito embora sejam utilizados apenas como carga adicional. Consiste em deslocar o veículo. Só que pouco. E devagar. O Empurracing é pouco difundido no Brasil porque ainda não chegou.
Parada pra comer e descansar em Capão Alto, choveu. Definitivamente hoje não era dia de lucros e dividendos. Depois da pausa, pernas (não pedras) pra que te quero. Asfalto depredado (embora de menos pedradas) até Campo Belo, destino do início da tarde que só foi atingido no fim do dia. Embora os mais atingidos tenham sido os ciclistas (ou empurristas).
Hotel escolhido foi aquele que havia: hotel-bar-lanchonete-churrascaria. Como o dia seguinte era domingo (dia de hotel fechado), as bikes dormiram na rodoviária. Dois aventureiros exaustos acomodavam-se pensando no dia que passou, no que viria e na pergunta retórica: quem foi que fez esse roteiro, hã?

o vilson, animado a voltar a pedalar, não mediu esforços para nos deixar à vontade

pouco acostamento mas pouco movimento, a saída de lages foi impecável

ô, ô, ô, eu vou hipnotizar você, ô leitor, hã?

comprando alguns metros de altitude antes de chegar na represa do caveiras

paradinha pra descansar na descida

ô, ô lulis, descansar na descida, ô? tem mais um pouquinho? vambora, meu nêgo!

belo panorama da estrada chegando na represa e margeando

outro belo panorama da represa, com direito a ilha particular e tudo mais

ô, ô, ô lulis, prendi o bigode na garrafinha aqui, hã?

pier panorâmico, só que sem o panorama

sorrindo no piêr, vocês nem sabem o que tem reservado pra frente...

tô bem na foto assim, ô, ô, ô, lulis, hã? ô, vou fazer sucesso, é, hã?

não é um rancho, mas dá vontade de morar aí, não dá, não?

o salto do rio caveiras tava mais pra um pulinho nesses dias secos

este lado para cima

essa história de cascata artificial pareceu meio cascata, não? faltou chuva por aqui

pelo enquadramento dava pra ver que o rio caveiras tava no osso

fora do enquadramento também, tá fraco o movimento por aqui

caveiras! ah, com um pouco de imaginação distorcida, vai!? não? não mesmo? deixa então

mapinha da região, e as folhas ainda dobradas

sobe, sobe pra pagar a descida até a represa (que fica no vale, não é que faz sentido?)

opa, passou do ponto, agora desce, desce...

se depender da quantidade de fotos de igreja e capela essa vai ser uma santa viagem!

o salão paroquial é simples, mas quem não gosta de um churrasquinho de igreja?

oferecida premiação pra quem adivinhar o nome da santa

por aqui ainda se vê os velhos cercados de pedra

esse gps não funciona direito, ô ô ô lulis, acho que vamos decidir no palitinho, hã?

hoje é o dia da pedra solta, um represador natural de ciclistas

veja, dimensione e pense em pedalar aqui

pinheirinho no tronco dos outros é refresco

cerca quase boa, com as belas pedras douradas que... mantém a cerca de pé!

opa, agora parece que o terreno deu uma melhorada, vamo que vamo!

ou não. e então? melhor pedra solta ou você prefere socada?

um belo plano de fundo de... florzinha, claro

esse é pra desbancar o chevette verde limão: corcel verde musgo!

já se vê os primeiros frutos do plantio extensivo de bovinos

não queria desanimar, mas lá na frente é pedra solta, sim senhor...

opa, voltamos à nossa pavimentação normal, sem pedra mas com chuva

é, ainda vão ter que rebolar um pouco pra chegar...
Para compensar o dia chuvoso e empedrado, o quinto dia amanhece com sol e transcorre por boa estrada e belas paisagens. Entre campos a perder de vista, rodamos em asfalto impecável até Anita com o típico e abençoado escasso movimento dominical.
Adiante, a caminho de Celso (o Ramos), voltamos às estradas de chão com muita pedra, só que desta vez pedra assentada (ou socada, se preferir). O desafio do dia não era permanecer na bike, mas sim suportar a vibração sem morder a língua (cada um na sua). Uma verdadeira trip para cardíacos, soltando desde as tiras até as placas de gordura dos vasos sanguíneos.
Ao fim do tremendo dia, antes de acomodar-mo-se-me-nos, estendemos o pedal para presenciar um belo entardecer às margens da impressionante barragem de Campos Novos. Hora e local perfeitos para um momento de relaxamento, reflexão e revitalização espiritual. Bah, hoje foi um dia bom, guri.
- Hidrelétrica Campos Novos
- A usina hidrelétrica de Campos Novos situa-se no Rio Canoas, Santa Catarina, na divisa dos municípios de Campos Novos e Celso Ramos. Inaugurada em 2007, com três unidades geradoras e potência instalada de 880 MW, produz hoje um quarto da energia consumida no estado.
- A barragem da usina está entre as maiores do mundo, com 202 metros de altura. Na crista da barragem passa a nova rodovia SC-458, conectando por asfalto as cidades que vizinhas. O mirante anexo oferece uma bela visão do complexo (vide fotos no fim do dia).
Fontes:
Prefeitura de Campos Novos
Wikipedia

o dia inicia com belas passagens, paragens, paisagens e pastagens

o tropeirismo anda (ou cavalga) bem preservado por aqui

o pessoal realmente leva toda indumenta à sério, tchê!

esta é para reforçar o comentário da foto 112

se alguém ainda tinha dúvidas de que andávamos por campos belos do sul...

isso de asfalto pasto e nuvem tá lindo, mas não falta nada, não?

ah, claro, faltava avacalhar um pouco

isso pra não falar da vaca branca de prudentópolis

pasto estrada paisagem e nuvens em panorama, pra enjoar de vistas bonitas

uma dessa aqui come um boi inteiro no café da manhã

há quem ache o velhinho passado, mas temos provas de que tá no ponto

aqui faltou estrada mas sobrou nuvem e um par de vacas refugadas pelas aranhas

bah, que honra - digo o mesmo, bem vinda ao nosso sítio web, anita!

ah, essa cor de fusca bege que só os fuscas beges têm

a própria anita, heroína da revolução farroupilha

à vista acaba-se anita, acaba-se calçamento e acaba-se a disposição...

custou chegar aqui, mas a previsão (além de chuva) é descer

isso é tipo uma ratoeira de pegar boi. coisa das aranhas

quem consegue achar mr heil na foto? achou demais, ele já foi

agora sim, ó ele aí de novo (de novo ele tem o espírito)

testando a montaria, muito embora quase desmontando

opa, agora sim: abraço, anita! salve, seu celso!

ah, sombrinha, vem aqui com o titio!

ipê florido ou não, reduz o giro na sombra que é pra refrescar

ontem era pedra solta, hoje é pedra socada!

inspirador, expirador e transpirador. agora hidrata e esquece a dor

flores de fundos para seu pano em cacho (ou não)

deixaram o portão da casa do celso aberto

os três astros da aventura gaudéria

correção da foto 125: ah, essa cor de fusca bege que nem só os fuscas têm...

panorama da vista do mirante da represa da usina de campos novos

outro panorama da vista bla bla bla de campos denovos

quem fui que fiz esse roteiro, hã?

pôr-do-sol invertido pra abrilhantar sua telinha

a lua dando as caras mais uma vez, sempre de guia

agora sim, um pôr-do-sol de verdade, ô!
Saída tranquila, estradinha de chão, papo no posto com Seu Gilmar, papo no campo com Seu Luis. Percorremos o traçado abandonado da velha SC-458 que, mais que estrada de terra, era agora uma estrada de pedra lavada. Nada crítico, a beleza do caminho encantava e compensava.
Depois de muito descer, atingimos um ponto alto da viagem: a pinguela sobre o rio Canoas. As fotos (e o vídeo) são a melhor expressão da diversão que foi caminhar (pedalar!) sobre as águas ali, num lugar tão inóspito. O abandono da pinguela (e da estrada) ficou óbvio pelo número de veículos que vimos a transitar por ali: duas bicicletas. E eram as nossas.
- Pinguela do rio Canoas
- Localizada em Celso Ramos-SC, a ponte pênsil (popular pinguela) permite a travessia do rio Canoas pouco antes deste desaguar no rio Pelotas e formar o rio Uruguai, seguindo o antigo traçado da SC-458. Com seus 250m de extensão, a longa e estreita ponte suportava (quando bem conservada) veículos de até 2.500 kg transitando em apenas um sentido.
- A ponte foi construída em 2001 para substituir a antiga ligação rodoviária inundada pelas obras da usina de Campos Novos (aquela, de ontem). Contudo, com acesso por estrada de terra em más condições, a ponte pênsil caiu em desuso após a construção da nova (e asfaltada) SC-458, cujo traçado passa na crista da barragem.
Fonte: Prefeitura de Campos Novos.
Passada a diversão na pinguela, a tarefa era recuperar a altitude perdida. Estrada ruim, tempo seco, e em uma das únicas casas na beira da estrada, um prestativo garoto se deu ao trabalho de completar nosso tanque com água gelada. E tanto subir culminou em descer vertiginosamente - agora por um belo asfalto - até uma baita ponte (600m) sobre o rio Uruguai, na divisa entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
- Rio Uruguai
- O Rio Uruguai nasce na Serra Geral, formado pela junção dos rios Canoas e Pelotas. Seu leito delimita a divisa natural entre os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, bem como as fronteiras entre Brasil, Argentina e Uruguai.
- No idioma Guarani Uruguai significa "rio dos pássaros pintados", embora hajam outras interpretações para o nome, como "rio dos caramujos", "rio de águas profundas" e "rio das voltas".
- Com extensão total de 1770 km e desnível médio de 24 cm/km, o rio Uruguai abriga atualmente quatro hidrelétricas no percurso superior (Itá, Machadinho, Foz do Chapecó, Salto Grande), além das usinas instaladas nos seus afluentes (3 no Canoas, 1 no Pelotas). A agricultura e a navegação também são atividades favorecidas pelo rio, principalmente no seu percurso em terras argentinas e uruguaias.
Fonte: Wikipedia
- Nota de conquista
- Registra-se aqui a primeira pisada (ou rodada) do odois em território gaúcho. Baita honra, tchê!
Compramos algumas subidas novamente (cruzar rios tem esse revés) e, papo vem no bar, papo vai no mercado, paramos para um merecido refresco em Barracão. Na saída quase perdemos a entrada para Machadinho (quase, hein, Mr.?), mas achamos - e o que achamos foi uma estrada de terra no capricho.
Estrada e paisagens belíssimas, pôr-do-sol no horizonte e, ao seu lado, nasce a lua quase cheia. Um belo cenário para a chegada à-noite-mas-nem-tanto no camping onde pousaríamos (já que as termas, infelizmente, permanecem fechadas à noite). No balanço, Mr. Heil, que vinha furando um pneu por dia, extrapolou e somou três. Último dia na rua, macarrão ao fungui no jantar e sono em barraca pra valer. Amanhã tem mais um pouquinho.

quem foi que disse que o velhinho não tem bom gosto, hã?

gilmar sagaz, pedalante da região, já sabia o que nos aguardava adiante

acerca depedra

mirando as voltas do rio pelotas (o rio grande é alí, ó!)

casa abandonada, já pensou que o rio grande do sul do brasil é o uruguai?

florzinha, o comentário anterior foi tão profundo quanto o rio

o reconhecimento visual indica que a sc-458 anda meio desligada

aqui o reconhecimento visual quase não indica formiga

esse cabelo da capelinha não é estranho

cada vez mais próximos de muita água, ao que tudo indica

essa não era exatamente a rodovia, mas não tava muito longe disso

conservação em baixa, preservação em alta

quem disse que o podre não pode ser bonito?

o sr tá falando do odois? aquele cheiro de chiqueiro?

fim da linha, travessia à vista!

ela, a tão esperada (e tão pouco usada) pinguela

quem não usa a pinguela pra travessia tava esnobando por ali

e o quê?

quem foi que fez esse furo, hã?

tudo aparentemente dentro dos conformes, salvo a ponte

o rio canoas, prasdonde vai

o rio canoas, dasdonde vem

e aqui pra dasdonde a gente vai! segure-se quem puder!

quem fez a pinguela não pregou uma peça, pregou várias!

pinguela transposta, ainda tinha muita água pra rolar

bah, e que água fresquinha - na subida, então, ô!

isso mesmo, uma aguinha abençoada!

olhando pra trás, o morro dava idéia do desnível até o rio

isolaram a pobre ovelha verde da família

a paradinha às margens estava convidativa

looongos tapetes de trigo verdinho...

bah, não aponta o dedo que é deselegante, mr!

bem à vontade, o besourinho repousa ao sabor do vento

de volta ao asfalto, agora bem perto do grande rio grande

paisagem singular à bera da estrada, com uma sombrinha gostosa...

com cheiro de rio grande e gosto de terra!

o panorama do grande, do gigante rio uruguai! estamos na divisa!

bah, guri, que já dá pra sentir o cheiro do mate, tchê!

em terra de gaúcho macho também brotam belas flores

o destino é realmente engraçado, mesmo à 23 km

que estradinha mais fofa, gente! agora pedala no fofo, vai...

o entardecer dava as caras enquanto o sol se escondia entre as árvores...

as flores estavam inspiradas nesse dia, poses loucas e variadas pra todo lado

entre os doirados trigais repousa a imponente árvore simbolo do estado!

mesmo que seja do estado do paraná! porque o estado aqui é outro

coeficiente de auto-arrasto no último, o estado era deplorável

não, não o rio grande, deplorável era o nosso estado! mas que trigo bonito

mais trigo bonito. o estado deplorável era tanto físico quanto mental

chega o fim do dia e as últimas linhas de luz se desenham no horizonte

beleza pouca é bobagem, o fim do dia foi um presente

cansativo, é verdade, mas luminoso até o fim

ou nem tanto, uma hora a luz cessa... mas a beleza não!

e quem aparece toda cheia de si (ou quase lá) pra abrilhantar o fim do dia?

mas vamos indo que tem mais um trecho antes de apear, simbora!
Noite tranquila, camping desmontado, saímos de papo em papo de Machadinho. Na ânsia de chegar, terra e asfalto passaram voando. Em Viadutos, uma paradinha na venda para comer um pão com salame, queijo e faca colonial. Algum sobe-e-desce, pneus que furam-e-refuram e apeávamos em nosso destino, Erechim.
Na chegada, recepção animada pela família do Mr. Heil: a sogra Dona Lídia, a esposa Margarete e a cunhada Elizabet. Nos dois dias que se seguiram passamos bons momentos visitando a cidade, comemorando o aniversario do Mr. Heil e, claro, proseando ao sabor do típico chimarrão gaúcho. E a lua, que enfeitou as noites da viagem, agora se exibia cheia, fechando o ciclo com chave de ouro. Haveria mais o que dizer? Pois houve: tanto assunto que acabou na rádio da cidade.
- Nota cicloculturista
- A equipe odois, representada pelos membros sênior Lulis e Mr. Heil, teve a honra de conceder longa entrevista ao radialista gaúcho Aldo Ribeiro (todos devidamente pilchados em trajes típicos, cada um no seu) por conta da cicloturística expedição a Erechim. Participaram também Alba Albarello, fundadora do Café Cultural de Erechim, e Lídia Rossi, cidadã ilustre do município. Fiquem ligados, a gente volta já!
No fim de tudo, vinga a sensação de ter realizado alguns sonhos e cumprido uma missão. E se aquela angústia que antecedeu a viagem já se dissipara, também se justificara: grandes histórias são formadas de uma multitude de pequenas lembranças que deixam saudade. E na próxima vez não será diferente (pormaisque seja).
- Nota posterior não oficial
- Finda a aventura, a aventura continua - pormaisque esteja tecnicamente fora da viagem, já que o Lulis seguiu em expedição solo. Dois dias extras de pedal para rever os amigos em Ponte Serrada-SC, com direito a uma legítima pinguela aos pedaços. E você, mais uma vez, não leu isso.

ampla residência com varanda e vaga pra dois veículos

o sol já vinha pegando forte atrás do refeitório

a invasão alienígena começou, e a verdade está lá fora!

difícil encontrar as termas atrás de tantos trailers

essa é machadinho, vamos dar um chego ali!

essa foi machadinho, vamos que ainda tem chão hoje!

chão ou terra, tem. e tem a perder de vista

agora, sombra que é bom tá difícil

às vezes até mesmo as cercas não são tão farpadas quanto se espera

não é que tem terra a perder de vista, mesmo?

rápido, rápido, antes que passe!

pausa para esvaziar os estoques de comida na porta da igreja

assim, não é bem uma florzinha, mas tá bacanona a verduxa aí

mas que não seja por falta de umas belas flores, não é?

no alto, depois de tanto chão acima, parece que o relevo estabiliza

e um pouco de plano é o que a bela paisagem promete

pón cón zalame e quêxo, vissinho?

vai sim, no capricho, sumindo aos pouquinhos...

senta, amigo velho!

mais alguns km de asfalto e uns poucos furos e...

e rechim! (saúde) sejamos bem vindos!

a prefeitura da cidade, prédio clássico da década de 30

o castelinho, ainda mais clássico, dos idos de 1910

e o contraste da modernista catedral são josé, década de 70

da esquerda pra direita: kate, lulis, beth, marga, heil e dona lídia

cavalinha dos jardins da dona lídia

finalmente, o aniversário do mr. em erechim!

a lua, agora cheia, marca o fim (ou início) do ciclo

eu prefiro desfocada. tem mais um pouquinho?

odois com alba, aldo e dona lídia, no dia seguinte, após a entrevista na rádio
Serviços #
Amorim Bike. (47)3333-0004, www.amorimbikeshop.com.br. R. Lauro Müller, 245 - Indaial - SC.
Hotel Becker. Rose. (47)3547-0243. R. Tiradentes, 67 - Braço do Trombudo - SC.
Hotel e Restaurante Espeto de Ouro. (49)3249-1142. R. Major Teodósio Furtado, 124 - Campo Belo do Sul - SC.
Pousada Bela Itália. Hermes (49)3547-1160. R. Dom Daniel Hostim, 793 - Celso Ramos - SC.
Camping Casagrande. Roberto (54)3551-1638 (54)8118-1404. Machadinho - RS.
Rádio Tchê Erechim 1200 AM, Programa Alma Campeira. Aldo Assis Ribeiro. toligado@radioerechim.com.br.
Café Cultural de Erechim. Alba Albarello. ara.alba@yahoo.com. R. Gonçalves Dias, 208, Centro, Erechim - RS.
Expediente #
Texto, fotos e vídeo por Lulis, inspiração e roteiro por Heil, base de operações por Du.
Pedalado por lulis, heil.
Publicado em 26 set 2012.