Cerro da Lapa
Lapa e odois, odois e Lapa. Voltar à Lapa é como ser surpreendido pelo Faustão no Arquivo Confidencial - nossa história começa seus ensaios por ali, nos sulcos da Gruta do Monge. Mas, como não só de lembranças vive uma escarpa devoniana, decidimos unir um voyage déjà vu à exploração de um Cerro nas redondenzas. Nada mal revisitá-la, afinal, já se passaram quase 15 anos desde que a cobra saiu com o Du de lá da Lapa.
A cobra nunca mais fez contato
Partimos da simpática Mariental pela estrada do caracol, criando todo charme de aterrizar no Parque Estadual do Monge pelo-outro-lado-que-é-o-de-cima. A área mudou muito desde que lá estivemos: foi totalmente revitalizada, com novas instalações, sinalização, segurança nas trilhas, monumentos, mirantes e por aí vai.
- Depoimento do Parque
- Em entrevista, o Parque, por sua vez, não pôde dizer o mesmo dos expedicionários. Estes certamente não foram revitalizados, melhorados ou bem cuidados desde a última visita.
Revisitamos o Cristo, o mirante, a bica, o espaço das oferendas e a própria Gruta do Monge. Nada da cobra, felizmente. Feito o recorrido a pé, partimos para mais uma atividade bem turística por ali: comer coxinha de farofa no centro (a foto da degustação fala por si nós).
Revisitas à parte, nossa intenção era mesmo, mesmo, de avançar sob um grande rochoso ao sul da cidade, cujo platô lembra muito o alto do monge só-que-sem-o-parque. A intervenção geológica, apelidada carinhosamente de Cerro da Lapa, é mais um exemplar de esplêndida paisagem da escarpa devoniana. Por ali existem haras, empreendimentos turísticos e de lazer mas, principalmente, rocha e campo (isso sim, nos interessa, mesmo). A ideia não é nossa, não, chove gente nos wikilocs strava everytrail circulado por ali. Eles só não contam uma coisa:
Porteiras, Portões e Paciência! Esse Cerro é quase uma spin-off das Olimpíadas do Faustão de tantas barreiras. Você vai precisar de muita paciência, tempo e sorte para conseguir dialogar proprietário-a-proprietário e conseguir avançar rochoso acima. E às vezes dinheiro, para pagar pela entrada.
Assim avançamos pelas belas corcovas do Cerro, tratando porteira a porteira, aproveitando cada mirante que se abria nas faces oeste e leste. A cada 1km, uma boa parada para apreciar. Afortunados aqueles que por ali passam frequentemente, sem titubear.
Já na primeira liberação de passagem entendemos que não seria possível voltar: a porteira só abria por fora. O menino-da-porteira abriu, fechou, e a gente ficou pra dentro. Nos restava acreditar que haveria uma saída do outro lado.
- Leitor chateado: Decerto vocês estão presos no Cerro até hoje, por isso não publicam mais nada no site.
Não foi bem por aí, foi por uma plantação de soja. O mapa dizia que era uma trilha. A soja, por sua vez, não arredou nem um pé. Talvez na colheita, mas a gente não entende desse agronegócio e preferiu não esperar. Singindo o mar àspero de folhas-de-soja-depiladoras-de-canelas, reencontramos o asfalto rumo à Mariental, nosso ponto de ancoragem segura e desporteirada.
- Locutor da Rádio Legendária: Os rapazes do odois deixam um agradecimento especial à família Hupfer, que os acolheu de porteiras e corações abertos.
Fazendo as contas, essa Lapeada toda não deu nem pro gasto. Diz a lenda que é preciso pelo menos uma trilogia lapeana para vencer o que o município tem a oferecer para os expedicionários porteirícios. Sojeiras à parte, não dá pra negar que vale o empenho - o tal Cerro da Lapa é realmente ímpar! E nem precisa acreditar às cegas no que a gente diz, não. Diferente da nossa primeira primitiva não publicada viagem à Lapa, temos fotos.
Expediente #
Texto e comentários por Du e Lulis. Fotos por Lulis, Du e João.
Pedalado por du, lulis, geraldo, joão.
Publicado em 11 mar 2021.