Serra Sete Rios

28 fev 2017 1 dia 92 km

Se tiver que cair em batalha, gravitante leitor, que seja com honra e glamour. Que seja por uma valente roda que parte, uma experiente corrente que rompe, um companheiro quadro que trinca. Uma queda digna, no calor de uma grande aventura. Mas, como diria o outro, melhor mesmo é prevenir:

  • Pneus calibrados e em bom estado - checked
  • Transmissão regulada e lubrificada - checked
  • Documentos pessoais, dinheiro, cartão, vacina de febre amarela - checked
  • Pastilhas de freio, pastilhas de garganta, pastilhas de purificação de água - checked
  • Óleo fortificante, amaciante, hidratante e alinhante para barba - checked
  • Rosca da abraçadeira de canote da bicicleta do du - failed

Sim. A vergonha, enrubescido leitor, de nem mesmo dar o pontapé inicial de uma ansiada expedição full-day. A decepção manifestada numa mera rosca da abraçadeira de canote espanada. A aventura prometida parecia acabar antes do início. A indignação, assim como a rosca, não tinha fim.

Mas o brasileiro é carnavalesco criativo e não desiste nunca. E foi mashupiando um apoio de pézinho, uma abraçadeira sobressalente e um suporte provisório de caramanhola que contornamos a inesperada quase-queda. Animados com a gambiarra solução, saímos da bela Witmarsum com a esperança de, além de chegar cedo, conseguir manter o banco do du nas alturas.

  • Vocês voltam que horas? - disse a dona do café colonial, onde deixamos o carro.
  • Até as 16h, com certeza. Voltaremos para o café.

E olhe que o famigerado João Batista, o ciclista otimista, nem estava presente.

Cruzamos o planaltão em busca de uma vaga e bela lembrança, a localidade de Cercado. Uma bela região, às margens da escarpa, com vista para vastidão do vale esculpido pelo Rio Açungui. Conhecíamos apenas até a bordinha - e dali pra frente o desafio aumenta muito. Como deve pressentir, etimológico leitor, o termo guarani açungui significa muita serra, vale, sobe, desce, sol, calor, sobe, desce, sobe, sobe, sobe aqui.

Foi uma bonita queda - de relevo. E outras de água, que valem cada pingo de suor e chuva. A sinuosa Serra Sete Rios tem esse nome (guess why) por cortar sete rios. É o que dizem. Com o calor que fazia, pudemos aproveitar a água gelada para uma resfriada. O difícil mesmo é conseguir sair de lá depois. Não só porque é bonito e refrescante, mas pela montanha russa rural dos caminhos dali.

Passados muitos relevantes cortes interioranos, cruzamos a fundoválica Itaimbezinho ouvindo estrondosos trovões ao fundo. Depois de margear a conhecida jazida da Itambé, passamos o resto do tempo escalando estradas até Witmarsum.

Já eram 19h passadas quando adentramos o estacionamento do café - pela lateral, afinal já estava fechado. Os citadinos bebiam as últimas gotas de um barril de chopp, cambaleando sob a última luz acessa no raio de 1km. E no conto do "claro que vamos chegar cedo", mais uma vez, parece que caímos. Na próxima, melhor cada um lembrar de vistoriar sua rosca.

ATRATIVOS witmarsum, cercado, serra sete rios, rio dos matos, itaimbezinho, jazida rio bonito, são luiz do purunã

Mapa & Tracks

Expediente #

Texto, comentários e fotos por Du e Lulis, braçadeira improvisada por Geraldo.

Pedalado por du, lulis, geraldo.

Publicado em 15 ago 2018.