Recanto Saltinho é um daqueles lugares em que seu cunhado acampou há uns 10 anos atrás e, vez ou outra nos almoços de domingo, alardeia: "é só marcar!". Mas, na hora de ir, não é bem assim. Diz que nem lembra mais onde fica, mas que tinha muita gente. Pegou chuva. Pensa um pouco e corrige: a chuva foi mesmo é no Recanto dos Papagaios. Abre uma cerveja e vai brincar com o cachorro. E, entre um latido e outro, você decide que um dia vai tirar essa história a limpo.

E, adivinha? Lá fomos nós. Com rio e cachoeira, lugar bom pra acampar, subida, descida e cento-e-trinta-e-tralálá-km, o projeto parecia merecer passar uma noite no recanto, mesmo. Tanto que o lugar é justamente conhecido por acampamentos de finais de semana. Mas, motivados pelo explorador ~joão, que encarou o pedal sem acampar, decidimos fazer em um só dia.

Escolhemos ir por Campo Largo da Roseira e margear o Rio da Várzea, por onde o relevo não é muito relevante (algo que, nessa distância, é importante relevar revelar). De colônia em colônia, passamos por um totem e achamos uma fila de carros. No fim dela, distribuição de pulseirinhas após cadastro.

Pegamos uma fila preferencial para pedestres e logo descobrimos o paraíso dos cunhados e cunhadas. Não eram algumas pessoas acampando, era muita gente. Pra quem achava que o pessoal da grande Curitiba não acampa, a verdade: é aqui que eles estão embarracados.

Estava bom, o chapadão. O restaurante dá vista para os banhistas - que ficam longe do saltinho, por segurança. Por coincidência, um dos donos sentou atrás de nós e se chegou, como se fosse um cunhado, contando a história do empreendimento. Disse que um dia chegou lá, gostou, e não sossegou enquanto não comprou. Dentre outros causos, contou da amizade próxima com o Greca, e nós ficamos refletindo se o prefeito já teria encarado um camping por ali. Ou no Recanto dos Papagaios.

Tomar banho de rio e saltar no saltinho, mesmo, não saltamos. Depois de cumprimentar alguns anões e escalar um mirante pelo lado errado, iniciamos o retorno. Escolhemos as proximidades da BR116 para a volta. Bem menos amistoso, o caminho cruzando muitas plantações de pinus e pontes foi deveras relevante.

Tal-e-qual a história do cunhado, esse pedal ficou anos no papo: era só marcar. E marcou mesmo. Cento-e-tralalá quilômetros de sol à pino e pinus, cada um chegou em sua casa no clássico estado do café passado: torrado, moído e escaldado. Mas que passamos o dito saltinho a limpo, passamos!