Capivari e Potreirinho
Ver gente pedalando já foi algo raro. Hoje, felizmente, cicloturista é algo que se vê pra todo lado que se pedale. Como diria o outro, dá mais que chuchu na trilha da serra. Sem serra, também dá. Dentre os poucos roteiros pouco frequentados por aí, esse é um bom exemplar. Se ousar chamar de roteiro, claro.
Partimos com a intenção de avançar na Colombo d'além mar - além das grutas bacaetânicas que costumam limitar passeios por aqui, ali e acolá. Matamos a saudade da Estrada da Ribeira, pedalando numa calma que só vendo. Só vendo e só bindo. Numa barroca qualquer, achamos a deixa pra carpir dali. Ou melhor, pra Capivari.
Saindo vari, surpresa. Aquilo que em teoria seria uma larga passagem, na prática se revelou uma single track serrana. Desistir? Por lama e garoazinha? Nada. Seguimos dispostos a encarar o 2º round: ao que tudo indicava, apenas mais um caminho rural.
Muitos anos depois de Passo Santana, ressurge o sentimento de integração visceral com a natureza, a sensação do uno manifestado. Não o Mille, mas a profunda união entre homem, vegetação e bicicleta. De forma tal que é impossível distinguir onde começa um e termina o outro.
Ceifamos essa até, finalmente, chegarmos a uma estrada. Alguns metros à frente a integração naturalesca prometia, novamente. Giramos 180º sobre os calcanhares de nossos aros procurando seguir um mínimo lampejo de civilização. Uma rápida olhada no mapa, desorientado leitor, lhe dará a dimensão das tentativas.
Poucos giros adiante, sempre cercados pelo mato, encontramos um portal não tão secreto do chuniverso paralelo.
- Nota Universgetal
- Sim, não, um Chuchuniverso! Uma dimensão paralela, carente de luz, onde o chuchu (esse mesmo) é o único
alimentoelemento. Dá na serra, na terra, no ar - cai do céu! O bem e o mal manifestados no mesmo corpo insosso, sem pudor ou sabor algum.
Deixaxamos o portal do chuchuniverso para, enfim, encontrar um portão. Sem saber se estávamos dentro ou fora de onde-quer-que-fosse, cósmico leitor, transpusemo-se-me-lo. As divertidas trilhas que nos perdoem, mas regozijáva-se-me-nos ao reencontrar uma mera estrada.
Exauridos fisíco, político e filosoficamente falando, optamos por um belo almoço compensatório no Casalare Del Nono. Comida pra lá de especial e muito recomendável. Mas sem chuchu. Chuchu não. Por hoje chechega.