Aparados e Serra Geral
Viajar de bicicleta é como fumar bituca de cigarro. Bom, pensando bem, não é, não. Esquece, tabagístico leitor.
Tá, tá, vamos lá. No fundo ambos têm algo em comum: precisam de alguém que acenda. Nesse ponto temos a sorte de contar com Mr. Heil, um roteirista de bigode e espírito inquietos. E foram estes experientes fios grisalhos que nos conduziram a explorar, mais uma vez, as impagáveis belezas do relevo sulista.
Quatro dias admirando os esplêndidos cânions e serras encravados nos limites da Serra Geral, topográfico leitor. Rocinha, Fortaleza, Itaimbezinho e Faxinal, cada um com seus entalhes e encantos. Uma paisageria tão catarina quanto gaúcha, tão bela quanto imponente. Vale cada vale, valeu cada dia.
Pouco tempo? Sempre. Pouca bobagem? Nunca. Esperamos de bigode e coração, querido leitor, que as histórias e imagens aqui compartilhadas divirtam e inspirem bons momentos - e boa viagem.
Capítulos
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1Um dia de muitas sagas 1 dia 80 kmDIA 1 praia grande, cachoeira de fátima, jacinto machado, ermo, turvo, timbé do sul, rocinha
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2Serra da Rocinha 1 dia 62 kmDIA 2 rocinha, mirante da rocinha, são gonçalo, ouro verde, cambará do sul
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3Cânion Fortaleza 1 dia 52 kmDIA 3 cambará do sul, parque nacional da serra geral, cânion fortaleza, trilha do mirante fortaleza, trilha da pedra do segredo e tigre preto, cambará do sul
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4Cânion Itaimbezinho 1 dia 51 kmDIA 4 cambará do sul, parque nacional de aparados da serra, trilha do cotovelo, cânion itaimbezinho, trilha do vértice, serra do faxinal, praia grande
Certamente essa não foi a primeira vez que iniciamos uma viagem pedalando um carro antes das bikes, multimodálico leitor, mas foi a estreia da nossa cara de paisagem na famosa Recepção de Laguna. Conhece? Um espaço democrático de celebração da diversidade dos condutores brasileiros. Todos unidos num só bloco da BR-101 por três horas (com sorte) independente de cor, classe e nacionalidade do carro.
Participando deste (não) movimento, pudemos analisar com muita calma as bicicletas, o planejamento do pedal, as bicicletas, o bigode do Mr. Heil, as bicicletas... Só não passamos mais tempo engarrafando do que pedalando, afobado leitor, porque a noite (ah, a noite!) é uma criança.
Meia tarde havia passado quando finalmente abancamos nossos selins. E, mesmo tarde, partimos numa cruzada de longos 83km de Praia Grande a Timbé do Sul. Com todo esse notório atraso e um céu que prometia mais atraso, não deu outra: no meio do caminho tinha uma serra, no meio da serra um temporal. Meia hora depois, à sombra de alguns pingos, começamos o rafting rumo à Jacinto Machado.
A essa altura do atraso roteiro, nosso gestor de operações coçava o bigode, preocupado com a chegada no camping. Pelas contas, bateríamos à porta do Poço do Caixão depois das 22h. O medo não era pelo nome, mas por incomodar o dono. Do camping, não do caixão.
- Telebrás (ou a saga do cartão telefônico)
- Pasme, contemporâneo leitor, mas tivemos a arcaica ideia de comprar um cartão telefônico para avisar o Dr. Caixão. Anoiteceu em Ermo enquanto íamos pra lá e pra cá atrás de um pedaço de plástico que nos permitisse usar um orelhão (se o encontrássemos, se ele funcionasse).
- Meia hora depois, atormentados pelo descaso com uma tecnologia outrora tão próspera, percebemos que um outro pedaço de plástico e silício poderia, a custo similar, resolver a situação. A tela brilhou, números foram digitados, o verde foi apertado, e em instantes havíamos notificado Sr. Poço do nosso atraso.
- Sim, o pressuposto "ligar do celular é muito caro" nos cegou a tal ponto, inacalentável leitor, que ficamos correndo atrás do rabo até desmontá-lo. Caro saiu o tempo que perdemos na tentativa de estabelecer uma comunicação vintage.
Atraso comunicado, camping garantido. Com faróis acessos e pneus calibrados, seguimos até Timbé do Sul. No asfalto, observávamos cientificamente a regeneração do coeficiente de arrasto. O pedal noturno induzido foi encarado sem muita luz e sem maiores surpresas. Não tão organizado quanto um tag night, mas tão proveitoso quanto.
- Coeficiente de Arrasto Autorregenerativo
- Coeficiente de Arrasto (CA) representa a soma das forças que atuam de forma contrária à direção do movimento¹ de uma bicicleta, como o atrito com o solo e a resistência dos ares³. Em suma, o CA mensura o quanto o vivente sofre (se arrasta) para se manter pedalando (ou não).
- A redução do CA se manifesta na depleção das forças contrárias (como nivelamento de pista e vento favorável). Contudo, estudos recentes demonstram que o CA tende a se auto regenerar, restabelecendo níveis usuais de forma autônoma.
- Exemplifiquemos. Um vivente pode calibrar os pneus e perceber a melhora imediata de rendimento (redução do CA). No entanto, após algum tempo de pedalada contínua, a melhora deixa de ser percebida e o indivíduo retorna à condição de arrasto (regeneração do CA).
- Em alguns casos a regeneração pode superar os níveis iniciais, caracterizando agregadores como o CAQ (coeficiente de agarro de quatis) e o DED (deixa eu dormir).
(¹) Quando a bicicleta se move, claro.
(²) Isso não é uma nota.
(³) Todos eles.

como é o nome da expedição mesmo, láparados?

quatro da tarde, não seria hora boa pra procurar um camping ao invés de partir de um?

du ainda estava no gps procurando alguma coisa

procurando pedalar mais, isso sim

parece que a reta vai ser longa

essa camiseta balançando é sinal de vento?

e vento que antecede chuva...

... como diria o outro ...

... é sinal de temporal

o céu e a serra não deixam mentir

e o açude já estava cheio de expectativa

então, mr, é só subir essa serra que a gente se livra da chuva?

parece que não era bem esse o ponto

sabe, mr, sempre tive medo de fazer rafting, mas nem é tão hard assim

aqui no gps diz que a gente vai fazer um pedal noturno bem legal
O dia anterior foi duro, adamântico leitor. Nem mesmo a janta saiu depois da toada da dupla catarinense partida tardia & pedal noturno. E a recuperação soava mal: uma grave Serra da Rocinha pela manhã, seguida de um vibrato vespertino até Cambará do Sul.
Para nós, uma meta nova: Vencer, numa sentada, 1.000m verticais em estrada de pedra. E sem reclamar, pois muito se dizia por ali de uma pavimentação que logo acabaria com o ar bucólico. E valeu cada pedra suada. É a velha história da serra: o cenário é totalmente dependente do sentido, pois a velocidade - seja baixa ou alta - nos permite curtir curva a curva de forma diferente.
- Slackline Advanced
- Numa das lentas curvas da serra avistamos uma slackline presa em uma grande árvore e em um... caminhão. Não, suspenso leitor, não era um caminhoneiro praticando slackline. Estava mais pra um caminhão praticando bungeejump. Beijando a pirambeira, a fita o impedia de rolar Serra da Rocinha abaixo. Bicicletas ao centro: Agora!
Entre subidas, curvas e surpresas, o apoio popular ocasionalmente nos animava:
- Cêis tão louco!
- Cêis são macho!
No cume da Serra, um belo mirante na casa dos 1200m de altitude. Dali observávamos quase todo cenário da saga catarinense do dia anterior. E vislumbrávamos o que nos esperava planalto gaúcho adentro.
Planalto adentro, pedalamos altos e baixos. E vislumbramos o que não esperávamos, também:
Veado é perseguido por cachorro perseguido pelo dono que perseguia javali que perseguia suas vacas.
Haikai? Sonho? Notícia do G1? Não, onírico leitor, aconteceu. Sentados, vimos um por um sair do mato e cruzar a estrada. Ao menos até o dono, o resto é história dele. Ou não. Mas se for sonho, melhor não perseguir o significado.
O almoço tardio saiu no fio do bigode do guia, que já rodara estas paragens: Xis do Baixinho. Baixa gastronomia de ótima qualidade para dar ânimo nos últimos quilômetros rumo a Cambará do Sul, capital da terra dos cânions. Logo estávamos devidamente acampados, sonhando perseguir os objetivos vindouros - o cerne da viagem.

acordar no poço do caixão foi a parte mais fácil do dia

e o dia amanheceu inspirado, prometia

prometia segurar o ritmo com força

a serra já se insinuava, de leve, sedutora

só isso aqui? não, mas guarde essa montanha aguda na memória

a noite foi show, acordamos com um pé no palco

agora começa a aparecer o tamanho da penitência

mr heil tinha acabado de passar suando a subida

e olhe que nem tinha começado a subir

lembra da montanha pontuda? continue lembrando

enquanto isso seguimos na lida, pedindo água. desculpa, lida não: bica

e mal sabíamos que mal tinha começado

ah, parados olhando o quê?

humn, montanhas agudas na altura dos olhos

que nada, o assunto era borboletinhas mesmo

porque toda curva bonita dá vontade de parar um pouco?

talvez porque aqui só tenha subida e curva, bonita

chega a anuviar e perder o foco das vista

de cansado? não, de galante que tá a mirada, tchê!

falando no galanteio, olha o garbo do nosso mr bigode elegante

parece que ainda tem muito que subir pra chegar na parte que sobe

a parte de continuar subindo parece que já está bem clara, não carece reforçar

estavam um turismólogo, um tecnólogo e um geógrafo subindo o morro

o turismólogo disse: trouxe uma bala de banana pra cada um, para celebrar a amizade

o tecnólogo agradeceu e disse: farei uma foto de cada um, para lembrar da amizade

então o turismólogo virou pro lado e perguntou: e você, geógrafo, vai fazer o quê?

eu vou fingir que essa piada vai ter graça pra não perder a amizade

ok, até essa curva exagerada tem mais graça que a piada

meio pré-históricas essas plantas, não? olha o tamanho das folhas!

então a montanha disse: vou plantar uns bigodinhos para homenagear os roteiristas

agora sim: lembra da montanha aguda da foto 20? então procure

e quando achar calcule a suadeira de bigode que não deu!

todos turismólogos muito felizes com a subida e com as piadas em alta

calcule a inclinação pela contagem de pedaços da estrada em zig-zag

coroando, um belo panorama da vista do mirante da serra da rocinha

detalhe das fábricas de nuvens ao fundo

ó lá: consegue achar o orelhão em timbé, leitor? nem nós. até porque a epopeia foi em ermo

bora retomar o caminho, doeu mas nós mal chegamos no planalto

bem vindos a solo gaúcho, ciclorajosos empurradores!

uma verdadeira relíquia: taipa

taipa é nome do muro de pedras, não do mister red

confronto de rebanhos assustados

cinco minutos seguidos sem subida! vale comemorar, mr

cuidado pra não se afogar com tanta descida assim!

cenário da cena de perseguição recorrente do veado cão dono javali vaca

vambora que temos que correr atrás do x-sobrevivência do baixinho

- vem tomate, dá pra colocar maionese, sabe, ôôô du?

esse era o cachorro do baixinho. subiu no muro pra sair na foto

que planalto, o quê? o x-baixinho era recheado no meio de um vale

pelo menos o calçamento deu uma força rumo a Can(du)ul

alguém aí quer jogar gamão? porque esse negócio de pedalar tá chato

amanhã vai ter foto de umas coisas diferentes, né?

não seja por isso: taí uma paradinha diferente de animal e vegetal

e por falar em paradinha, ufa, por hoje chega!
Agora sim, um dia mais leve. Um autêntico bá-tchê volta, livre de alforjes e preocupação acampísticas. Nem por isso livre de serras e temporais surpresa.
Depois de um merecido café da manhã, pegamos o único acesso ao Cânion Fortaleza - um bom trecho de asfalto e um pouco de terra nos finalmentes. A estrada é recheada de sobe-e-desce, mas entrega uma paisagem que compensa.
- Cânion Fortaleza
- Do mirante principal se vislumbra o grande paredão de 7,5km de extensão, 1,5km de largura e quase 900m de profundidade que forma o Cânion Fortaleza. Poeto-tecnicamente falando, ficamos de frente para uns dos mais magníficos e imponentes acidentes geomorfológicos do Brasil. A beleza é realmente impressionante, distribuída entre paredes rochosas, densa vegetação e extensas quedas d'água. A trilha de 1km que parte do estacionamento ao mirante é um atrativo à parte.
- Outra boa pedida por ali é a trilha da pedra do segredo, 3km (ida e volta), que passa pela belíssima cachoeira do tigre preto. O segredo do monolito de 5m de altura apoiado em uma pequena base rochosa não é apenas seu equilíbrio, mas a incrível vista exclusiva do cânion. Com um bom tempo se pode conhecer tudo em uma caminhada só: percorrer toda a borda do cânion entre o mirante principal e a pedra do segredo, algo no total de 10km.
Acesso: O Parque Nacional da Serra Geral, onde está localizado o cânion, ainda não tem infraestrutura para receber turistas, apenas uma guarita de controle. Para chegar lá só tem um acesso, saindo do centro de Cambará do Sul - há sinalização na cidade. A estrada, quase toda asfaltada, termina na portaria do Parque.
Fontes:
Guia Quatro Rodas Brasil 2012
CPRM. Link
Mapa Turístico Aparados da Serra e Entrono, ICMBIO. Link
Da guarita direto para o mirante, abandonamos os cavalos no meio da trilha e começamos um rápido trekking. E não é que o lugar é tudo o que dizem e mais um pouco? A vista é incrível, intercalando paredões, mata, cachoeiras e rios. Quem também gosta muito de lá é um graxaim louco de esperto - expert em roubar fruta da mão de turista desavisado. Não da nossa, na certa pra ele ciclista também é selvagem.
Nota de diálogo formal sobre o Cânion
- Lulis: Mas como que é o nome dessa formação, Mr, o Sr que é geógrafo?
- Heil: Geografia, né?
Wind was blowing, the skyes were not so blue e um trio de ciclistas ainda queria conhecer a Pedra do Segredo. Rodamos um pouco até a entrada trilha, cavalos-ao-mato e pernas-pra-que-te-quero. As placas lembravam outro atrativo no caminho, a Cachoeira do Tigre Preto. Não deu outra: a água veio do céu preteando para três turistas tristes. Na moitinha, esperamos o toró passar e ainda trilhar mais um pouco dos belos segredos da Serra Geral.
Fim de tarde e mais uma vez nosso South Brasil Tour Guide Moustache deu uma dentro. Macarrão de acampamento? Nada. Conhecemos uma galeteria muito caprichada, farta em salada orgânica plantada ali mesmo. E não estamos falando só de galeto e salada: põe uma sopa de agnoline e uma polentinha com queijo na chapa aí!

bom dia, tchê! tomemos um café reforçado, o dia promete

mr bigode mandando ver no cacetinho, que por aqui é só pão francês mesmo

e o lulis comendo um baita x-éter. bom que dispensa mastigação

partiu cânion fortaleza!

imagem e ação: qual o nome da trilha que vamos fazer amanhã?

opa, acabou o asfalto. mas segue o sobe-e-desce

não se engane, o plano era esse mesmo: não muito plano

opa, uma paradinha pra refrescar

calor abaixo da pele, tchê? fecha bem a torneirinha aí!

bem vindos à entrada do parque! a placa diz tudo, tem um banheiro

ah, sim, e a guarita pra liberar (ou não) a passagem

pois é, entrou no parque tem isso: mais uns 4km até estacionar

pelo menos não tá chovendo, né, mr?

opa lelê, ó lá os ditos recortes do cânion!

é, e lá no fim da estada, o fim da estrada. e o estacionamento

como a gente não tem alarme, vamos mais um pouquinho de bike

ok, hora de descansar as bikes e um pouco do couro também

ôôô, du, conhece estilingue, hã?

o curto panorama da vista de entrada já assusta

bora fazer uma caminhadinha pro mirante principal

caminhadinha? uff...

ôôô, mr, que formação é essa aqui?

e essa espiada do meio da trilha, que tal? nem a cachoeira aguenta

no mirante, já tinha uma nuvenzinha sobre a cabeça duns 3 camaradas

grande panorama do fortaleza a partir do mirante. wow!

por outro lado, o panorama das pontas do fortaleza e o litoral de boa lááá no fundo

não seja por falta de panorama: uma vista mais ampla, de tirar o ar

já vamos voltar? não lá pra baixo, né? e o graxaim?

ah, mais um pouco de bike e estrada. mas tem mais supresa, é?

é surpresa ou é segredo?

hum, essa parte do clima preto veio meio de surpresa

se tiver alguma dúvida sobre o destino, pergunte ao bigode sorridente

pelas barbas do profeta! melhor abrigar-se-me-nos do temporal

seguimos já sem bike, já sem parte do corpo seca

essa capa não nega sua identidade, bátima! digo, alfred!

mas e aqui chega assim e o rio acaba, é isso?

acaba caindo, olha o lance bonito da cachoeira do tigre preto

e a vista da cachoeira não é menos bonita

bromélias contemplativas se arriscavam na beira do precipício

a pedra do segredo! droga, agora já contamos

na real, a vista da pedra é que é o segredo do passeio

agora sim: o fortaleza, o mazzaropi, o alfred e o bátima

belo panorama mirado do meio da trilha. vê a cachoeira na direita?

não? e agora, dá?

essa foto o graxaim tirou e nos mandou por whatsapp

o tempo tá melhorando, olha lá na estrada! que estrada?

problemas decorrentes dessujeiras

acho que foi um sinal. ou uma sinalização catadióptrica

ok, ok, deixe os olhos-de-gato de lado e vamos voltar ao foco: voltar

de volta ao centro de cambará, momento cultural

ops, o momento cultural é esse aqui: cambará com nome e sobrenome

jura que o sr não deixou nenhuma janela aberta na mansão wayne?

orramêu, pára de _____: a) tirar fotos; b) fazer piadas; c) revelar identidades

tá, fiquem aí brincando de super-herói que eu vou na casinha de brinquedo
Findando a viagem, revenântico leitor, uma gran reserva para o último dia: Cânion do Itambezinho. Não menos importante, apenas questão de logística.
Situado no caminho usual entre planalto e litoral, a movimentação no Itaimbezinho é bem diferente do Fortaleza. Muito mais gente, tanto visitando quanto trabalhando. O graxaim, decerto tímido, não deu as caras por aqui. A beleza? Descomunal. Mas não caia na tentação de definir o melhor cânion, seletivo leitor: cada um tem suas graças, cores, elementos e singularidades. Comum a ambos é a natureza da imperdibilidade.
- Cânion Itaimbezinho
- Os paredões verticais aqui são de quase 800m de profundidade e 6km de comprimento. Contrariando os outros cânions, Itaimbezinho (do tupi-guarani, pedra afiada) tem em suas margens uma densa vegetação de araucárias, sem dúvida um diferencial na paisagem. É possível visitar os dois lados do cânion, incluindo o vértice, sem muito esforço. A caminhada mais longa - e bonita - é a trilha do cotovelo, 3,5km até o final, com vários mirantes impressionantes. Recompensadora também é a trilha do vértice, apenas 700m para conhecer o ponto de partida do cânion e admirar as extensas quedas d'água Véu de Noiva e Andorinhas.
Acesso: O Parque Aparados da Serra, onde está localizado o cânion, oferece boa infraestrutura para o turista. Há sinalização nas trilhas, centro de visitantes, banheiro, estacionamento, etc. Para chegar lá é possível ir: via planalto - Cambará do Sul, seguindo a sinalização a partir da cidade, sendo quase todo trecho em saibro trafegável; via litoral, saindo da BR101 sentido Praia Grande e, depois do município, subindo a Serra do Faxinal - um mix de asfalto e estrada de terra.
Fontes:
Guia Quatro Rodas Brasil 2012
CPRM. Link
Mapa Turístico Aparados da Serra e Entrono, ICMBIO. Link
Mais uma vez a bicicleta deu uma boa mão. Percorremos pedalando toda a trilha principal, do Cotovelo. Vários pontos de observação, pra turista nenhum botar defeito. No final, um pseudo-natural anfiteatro voltado para a grandiosa obra do cânion abre espaço para uma relaxada.
Retornamos para fazer a outra trilha, do Vértice, e visualizar cânion pelo outro lado. Agora sem bicicleta, demos os últimos passos para cumprir o objetivo principal da viagem. Defronte à típica cachoeira véu de noiva, demos por encerrada nossa cruzada canionana.
Já acabou?
Muita calma nessa hora, ansioso leitor. Lembra dos créditos de altitude comprados lááá na Serra da Rocinha, no primeiro dia? Hora de gastar. Ali estava a Serra do Faxinal, num estágio de pavimentação mais adiantado que a primeira (iniciado, ao menos). Logo aportamos novamente em Praia Grande, agora sim encerrando o ciclo do pedal. No carro, já saudosos, passamos (devagar) a conhecida Laguna de águas paradas, estresse amenizado pela carinhosa acolhida litorânea de Dona Lídia. Lá parados, já levávamos a saudade das boas companhias e das lindas paisagens estampada na cara.

algo me diz que hoje é dia de florzinha

ah, desculpa, cogumelo nem é planta. mas é frutificação

mas já estradinhas? e o café da manhã?

ah, ficou pra paradinha no oratório nsra do caravaggio então?

representação literal da função do oratório

hum, parece que o refúgio de oração tem outros encantos

churrasqueiras, por exemplo. vale o passo

casca de eucalipto, dá pra sentir o cheiro?

melhor seguir porque ainda tem chão (e não asfalto)

essas nuvens se reunindo... não deve ser boa coisa

opa, chegando ao parque aparados da serra

aqui parece que tem mais estrutura do que apenas banheiros

esse aqui definitivamente não é planta também. nem cogumelo

quase não vi a placa. nem a trilha

ah, tá aqui. bicicletável, é? que maravilha!

pausa pra pose dos cavalos

e dos cavaleiros, aproveitar o mirante bonito capacete!

e vai dizer que não tem o que mirar? lá se vai o itaimbezinho

o du, escorado e torto. e o mr? tá escorado e taimpézinho

um belo panorama de-ponta-a-ponta do cânion em um dos tantos mirantes

lembra o jogo de mímica de ontem, mr? a resposta era trilha do cotovelo

lááá no fundo, o spray da queda andorinhas. aguenta que vamos chegar mais perto

florzinhas, seguramente, como prometido

e por aí se vai o cânion, na levada do arroio perdizes

opa, agora o du taimpézinho no mirante também

mr heil, chateado, segue a trilha com seus próprios cotovelos

no fim da trilha, cavalos e cavaleiros descansando a vista

sério que vai ficar nessa de florzinha diante dum cânion como esse?

então tá aí, uma secada pra quem não gosta de florzinha

- achei ofensivo

lembra do mirante do capacete? lá longe, perto do topo do véu de noiva

isso aí, vamos caminhar um pouco. trilha do quê mesmo?

do vértice? ah, entendi

pela altura dessas araucárias tem alguma coisa em desnível por aí

tendi. parece que tem uma queda. ou um risco dela

não, não, um rasgo e duas quedas

apesar do nome tão criativo quanto churrascaria do gaúcho, é bonita a véu de noiva

pra não dar ouvido às flores, aqui vai uma orelha de pau

a queda das andorinhas, que pode ser vista sem cortes em bons vídeos por aí

no fundo, apreciando a beleza do véu e a utilidade do contravéu

já vi um troca-troca de cachoeiras assim por aí. dá pra parar com isso?

vamos voltando que o tempo tá curto. e tá bom

paradinha pra almoçar um legítimo o-que-tiver-no-alforge

quê? asfalto agora, gente?

ah, era só dentro do parque. aqui dentro da neblina é terra outra vez

quem botou isso aqui?

a estrada que preparava a descida da serra do faxinal

parece que as perspectivas estavam meio nubladas

fazendo download de cicloturistas na serra

porque até agora eles estavam só na nuvem

mais uma pausa pra almoçar picado, feito passarinho

e ver um pouco de serra abaixo do sutil tecido das nuvens

praia grande é assim: no meio da planície. litoral só lá longe

ué, já acabou? descida vai bem, hein? aparebéns da serra!
Serviços #
Hostel Nativos dos Canyons. (48)3532-0078, 9163-5988, link. R. Olívio Margutt, 146 - Praia Grande - SC.
Camping Poço do Caixão. (48)3536-1099, link. Estrada Geral, s/n, Rocinha - Timbé do Sul - SC.
Pousada e Camping Pindorama. (54)3251-1225, link. R. João Francisco Ritter, s/n - Cambará do Sul - RS.
Galeteria O Casarão. (54)3251-1711, link. R. João Francisco Ritter, 247 - Cambará do Sul - RS.
Expediente #
Letras por du & lulis, imagens por lulis & du, traçado por heil & du, paisagens pordeusdocéu.
Pedalado por du, lulis, heil.
Publicado em 23 jul 2015.