Palmeirinha e Rio Abaixo

17 abr 2011 1 dia 84 km

Quando se expediciona, chegar em algum lugar não é o objetivo maior. Aliás, muitas vezes o que se procura é exatamente o oposto: não chegar. Ou, mais ameno: apenas ir. Simples assim, cabe em duas letras: ir. Só ir, sair e sorrir. Simples, mas efetivo. Parece bobo, um clichê surrado (de onde mesmo? um velho provérbio, talvez?) pregando que mais vale o caminho que o destino (livro de auto-ajuda? um filme cult?). Provavelmente seja (algum um refrão de música?), mas o simples ir de hoje vai além do figurado.

Vai além (um para-choque de caminhão?), mas não tão longe que seja difícil alcançar pedalando (uma porta de banheiro?). Colombo, Campina Grande, Bocaiúva: ponteados todos, nenhum foi o fim. E de tão sem fim o passeio recebeu o nome de dois trechos do caminho: estradas da Palmeirinha e do Rio Abaixo. Sair da cidade, seguir tranquilo por estradinhas tranquilas...

E quando menos se espera...

Havia uma saída, mais uma rodovia, outra estradinha, mais uma vila - outros tantos passeios dentro de um mesmo. Se sucediam, intercalavam, arrancando manifestações de contentamento:

  • Foi muito legal o passeio, temos que fazer mais vezes!
  • Não foi. Falta um pouco ainda! (Du, 2010)

O tempo? Ajudava: não chovia e nem passava. Mais que isso, havia algo diferente no ar. Talvez porque nós mesmos respirássemos diferente: havia a tranquilidade alegre dos odois presentes (o presente foi Du e Lulis superarem uma tensa etapa acadêmica) e a humildade monástica do Adriano (um velho amigo de raiz).

Todos iam, riam e, sempre que acreditavam chegar, sorriam e seguiam. Em uma parada, comentamos sobre chegar (sim, ao fim) antes de escurecer, quando um colono bem humorado profetiza do alto da sua barra forte:

  • Não vão chegar.

Não corremos, até paramos outras vezes e reiniciamos o ciclo do pedal sem fim. Chegamos no alto da XV (que, bairrismo à parte, goza de uma boa vista) antes de anoitecer. Para preservar o espírito do passeio (e, porque não dizer, respeitar a profecia colona), decidimos não chegar (não ao fim!) e paramos para ver o tempo passar lento. E enquanto o sol se punha a oeste, sorrindo nas frestas das nuvens densas (na boléia de um caminhão?), a lua surgia grande, cheinha de si, ornamentando o céu limpo do leste (na janela do banheiro?). Tantos ciclos diferentes, sempre perto, e poucas vezes nos damos conta. A aventura fica na memória, o fim (chega) é só mais uma ilusão dos ciclos.

  • Coeditor: Que foi, morreu outro autor?
  • Editor: Tudo bem, tá na hora de chegar ao fim mesmo (ou não)...

Às vezes definimos o prazer destas aventuras em uma só palavra: pedalar (e para esse fim, a bicicleta é, sim, um meio!). Simples como sair para trocar um pouco de ar. Imenso como quem procura expandir o horizonte ao olhar. Bobo como quem se faz sorrir até cansar. Mas estas já são outras letras, letras de outras músicas, músicas para outras estórias...

ATRATIVOS curitiba, campina grande do sul, estrada palmeirinha, estrada do rio abaixo, bocaiúva do sul, capivarizinho, estrada do bacaetava

Mapa & Tracks

1 DIA

Expediente #

Texto e fotos por Lulis, roteiro por Du, inserção especial por Adriano.

Pedalado por du, lulis, adriano.

Publicado em 2 out 2011.