Palmeirinha e Rio Abaixo
Quando se expediciona, chegar em algum lugar não é o objetivo maior. Aliás, muitas vezes o que se procura é exatamente o oposto: não chegar. Ou, mais ameno: apenas ir. Simples assim, cabe em duas letras: ir. Só ir, sair e sorrir. Simples, mas efetivo. Parece bobo, um clichê surrado (de onde mesmo? um velho provérbio, talvez?) pregando que mais vale o caminho que o destino (livro de auto-ajuda? um filme cult?). Provavelmente seja (algum um refrão de música?), mas o simples ir de hoje vai além do figurado.
Vai além (um para-choque de caminhão?), mas não tão longe que seja difícil alcançar pedalando (uma porta de banheiro?). Colombo, Campina Grande, Bocaiúva: ponteados todos, nenhum foi o fim. E de tão sem fim o passeio recebeu o nome de dois trechos do caminho: estradas da Palmeirinha e do Rio Abaixo. Sair da cidade, seguir tranquilo por estradinhas tranquilas...
E quando menos se espera...
Havia uma saída, mais uma rodovia, outra estradinha, mais uma vila - outros tantos passeios dentro de um mesmo. Se sucediam, intercalavam, arrancando manifestações de contentamento:
- Foi muito legal o passeio, temos que fazer mais vezes!
- Não foi. Falta um pouco ainda! (Du, 2010)
O tempo? Ajudava: não chovia e nem passava. Mais que isso, havia algo diferente no ar. Talvez porque nós mesmos respirássemos diferente: havia a tranquilidade alegre dos odois presentes (o presente foi Du e Lulis superarem uma tensa etapa acadêmica) e a humildade monástica do Adriano (um velho amigo de raiz).
Todos iam, riam e, sempre que acreditavam chegar, sorriam e seguiam. Em uma parada, comentamos sobre chegar (sim, ao fim) antes de escurecer, quando um colono bem humorado profetiza do alto da sua barra forte:
- Não vão chegar.
Não corremos, até paramos outras vezes e reiniciamos o ciclo do pedal sem fim. Chegamos no alto da XV (que, bairrismo à parte, goza de uma boa vista) antes de anoitecer. Para preservar o espírito do passeio (e, porque não dizer, respeitar a profecia colona), decidimos não chegar (não ao fim!) e paramos para ver o tempo passar lento. E enquanto o sol se punha a oeste, sorrindo nas frestas das nuvens densas (na boléia de um caminhão?), a lua surgia grande, cheinha de si, ornamentando o céu limpo do leste (na janela do banheiro?). Tantos ciclos diferentes, sempre perto, e poucas vezes nos damos conta. A aventura fica na memória, o fim (chega) é só mais uma ilusão dos ciclos.
- Coeditor: Que foi, morreu outro autor?
- Editor: Tudo bem, tá na hora de chegar ao fim mesmo (ou não)...
Às vezes definimos o prazer destas aventuras em uma só palavra: pedalar (e para esse fim, a bicicleta é, sim, um meio!). Simples como sair para trocar um pouco de ar. Imenso como quem procura expandir o horizonte ao olhar. Bobo como quem se faz sorrir até cansar. Mas estas já são outras letras, letras de outras músicas, músicas para outras estórias...

pois e não é o próprio adrianopolitando?

pra ver como não era tempo de pouca chuva

mas a promessa também não estava tão mal

pois bem (e bem verde), já estava na hora de sair por terra

a presença quase obrigatória (e cotista) de florzinha no pedal

o adriano roots veio na raça, na fé e na havaiana (e sem soltar as tiras)

esse faicamos devendo, vai na sapata e na havaiana mesmo!

opa! olha a surpresa saltitando de dentro da floresta

eucaliptos esguios, para o alto e avante!

fala, adriano, cadiquê que cê tá ouriçado hoje?

não sei o que é, mas pelo jeito que o du tá segurando aí é grande!

curtiu, né? bem, era uma grande bicicleta na verdade...

o adriano, fazendo jus aos REVER1os contatos, com a camiseta do clube paranaense de montanhismo

cicloturistas esguios (ou esguisitos), para o alto e há vante!

a pose! mas não parece uma ema em cima de uma bicicleta?

mais um pouco de estradinhas...

o céu e o sol bem que queriam dar as caras cerca dali

nem me acuse assim, não fui eu!

alguém sabe pra onde vai essa bagagem? conferir no setor de expedição!

tá um tal de terra e asfalto e terra e quase asfalto que tá bonito esse passeio

ah, que alegria! sol e uma bela paisagem campestre...

pois a paisagem só seria mais outonal se fosse no outono (pormaisque tenha sido)

você não tem a legítima impressão de que está sendo sugado pro centro da foto?

igreja, praça, bicicleta: é hora de bolachear um pouco!

no primeiro plano, o jeito errado de posar pra foto. no segundo, o coreto

lembra da ema? parece um campeonato de poses... e essa é a pose ovo de ema

viu a igreja? o jardinero é jesus e asáveres somo nozes

o monumento ao sino em campina grande do soul

não é florzinha, mas deve contar como se fosse. asáveres.

e quando menos se espera... mais um pouco de estradinhas!

até que tem bastante araucária pra uma estrada da palmeirinha

vai dizer que a vizinhança não é uma graça? pormaisque não tenha vizinhos...

fotógrafo malabarista senta no pau e esquece a câmera

de estradinha em estradinha vamos longe hoje! (você não viu flor, não viu!)

bora, toca empurrar que ainda tem muito!

cerca de onde, mesmo?

cerca, não, agora mesmo estamos bem longe de tudo

observe essa foto com atenção...

...não é incrível como a foto 38 é capaz de induzir pessoas a inclinarem a cabeça?

há! pegadinha do malandro! só o adriano que não curtiu muito

sorte ou asárveres

definitivamente o local merece uma paradinha a mais...

a alegria era tanta de ver um pouco de céu que sairam fotos de todas asárveres

colhendo nuvens ou cumprimentando os entes mágicos do campo?

pois até os cupins comedores de árvores não escaparam de um retrato

assim como a casa aí da foto não escapou dos cupins...

mas não dá pa negar que é bacaninha, né? dava pra fazer um bomboteco aí!

mais estradinhas, e com sol até subida empurrando vai bem!

e com muito sol a sombra vai melhor ainda...

uma beleza de visão aqui do alto

e uma belezura de estradinha! toca que ainda tem chão!

parada num boteco de bocaiúva pruma tubaína

deixando pra trás o portal desportado de bocaiúva

e quando menos se espera... mais um pouco de estradinhas!

problema?

capivarizinho, acho que rola uma paradinha pra descansar agora

ô, se rola!

vamos começar a manerar não só nas fotos de flores, mas de folhas também, ok?

colombeando pelas bordas do município

agora sim, no centro de colombo!

um regalo de fim de passeio pra alegrar os ânimos latinos

e quando menos se espera... chega, né? pega um caldicana aê!

com direito ao dia ir, a lua nascer e o que mais quiser ver!

pois não é que a camisa do adriano era na verdade da leroymerlin?!

lua cheia grande como só se vê se ocê vê a lua nascê na hora do pôr-do-sol acontecê

e uma última pra pôr a força do pôr-do-sol aqui, mesmo que escondido ;)
Expediente #
Texto e fotos por Lulis, roteiro por Du, inserção especial por Adriano.
Pedalado por du, lulis, adriano.
Publicado em 2 out 2011.