Cerne de Ponta

24 jul 2010 1 dia 137 km

Sem rodeios, indo direto ao Cerne. Assim se deu essa nova edição do evento carinhosamente batizado de Cerne Fodax (ainda em processo de tradicionalização, caro leitor, como reza o outrélio ao lado). Doze pedalantes escolhidos (ou seriam encolhidos, gélido leitor?) para cumprir o intimidador roteiro que após inúmeros altos e baixos, esquerdos e direitos, culminou no cerne de Ponta Grossa (os rumos da conversa e do caminho acaso lhe soam familiares, genealógico leitor?).

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Cerne Fodax
Era uma vez um jovem conhecido por tutu. Tutu ansiava por voltar pedalando ao longínquo recôndito de sua infância, Castro. Um dia decidiu realizar esse sonho e procurou os amigos renatão e du para organizar uma grande expedição.
Baitolagem de conto de fadas à parte¹, nada mais adequado a este fim do que um caminho retirante alternativo, de terra e com muita serra: a Estrada do Cerne. A dificuldade da expedição proposta tornou-se um mito resumido pela máxima do conhecedor de seus entremeios, du: "o cerne não é uma estrada, é um estado de espírito".
A tropeira investida realizou-se, ganhando o carinhoso e justo apelido de "cerne fodax". Apesar dos traumas e medos, a ideia de uma futura reedição permaneceu latente.
No ano seguinte, a 2ª edição foi proposta e executada² por também 12 discípulos. Aparentemente o Cerne Fodax tende a se firmar como peregrinação anual, com roteiros exclusivos que sigam o cerne das 3 leis primordiais:
1. Ultrapassar a marca de 100km de distância
2. Percorrer um trecho da PR090 - Estrada do Cerne
3. Abordar a faixa entre 600m e 700m de altitude
Fontes quase-seguras afirmam ter visto rascunhos de roteiros para as edições 2011 e 2012, embora não passe de especulação.

(¹) Como toda atividade cicloturística, esta é uma obra de fricção.
(²) Você tem 2 minutos para achar o relato. Tempo!

Saída na madrugada, clima estável (cinza estável, monotônico leitor). Logo estávamos na famigerada Estrada do Cerne, alguns recordando e outros conhecendo seu peculiar terreno e belo traçado. Descidas e subidas sem fim cobravam ora atenção, ora fôlego. Do começo ao fim, vários subgrupos dos 12 pedalantes se formavam e dissociavam, revezando posições (ou não, caetânico leitor, ou não) e se reagrupando nos bares do caminho. Muitas subidas doídos, muitas paradas cansados, mas muitas risadas suados. E aí não se vê desgraça nenhuma, não, só se faz graça mesmo. Cicloturismo é assim: a arte de achar graça em tudo isso e ainda gostar.

Das graças que nos acometem pedalando, faltaram apenas as graças do du, que concebeu o roteiro mas não pode ir - mas ao menos deu o ar da graça no vídeo abaixo, dedicado à sua própria graça.

Passado muito pedal puxado por entre a bela e mutante (embora ocasionalmente cinza) paisagem do lenho (que circunda o cerne, fitológico leitor), fizemos uma breve pausa nas dolinas gêmeas (nem que fosse para saber o que é uma dolina, geológico leitor). Um susto no câmbio do Luiz, algum pedal corrido no plano e, finalmente, todos no centro de Ponta Grossa. No final, cansaço amenizado pelo retorno acomodado na van (mérito do Mildo, virgulíneo leitor), mesmo alguns babando e outros doendo, todos sorriam como crianças depois de um dia inteiro correndo no parque. Por certo achavam graça em tudo isso. E gostavam, ah, gostavam.

ATRATIVOS curitiba, campo magro, bateias, campo largo, passo do pupo, ponta grossa

Mapa & Tracks

Vídeo

Expediente #

Roteiro e definições por Du, texto e vídeo por Lulis, esforço apostólico por 12 revezantes atletas fodax.

Pedalado por lulis, arce, daniel, fabio, fabricio, gassner, heil, luiz, marílio, mildo, renato, sartori.

Publicado em 8 set 2010.