Caminho Trentino
Dando sequência aos passeios no estilo “o odois é parceiro!” (vide colônia d. pedro, ainda sem duplo sentido), realizamos mais uma passeio sob a tutela do ciclonavegador Tagliari, o popular Talharini.
Pela manhã a expectativa climática já não era das melhores, mas obedecendo o tradicional Comportamento Cíclico Temporal nós seguimos com o passeio seguindo o Talharini (conseguiu acompanhar? nós conseguimos, mas não muito perto).
Se não conhece o famigerado Comportamento Cíclico Temporal, caro leitor, não se acanhe: leia o Outrélio. Leia lá, vá, eu espero você ler para continuar a história.
- Comportamento Cíclico Temporal
- Diversos estudos realizados em comunidades cicloturísticas comprovam a predominância exclusiva de dois padrões de comportamento intuitivo dos seus indivíduos frente a possibilidade de excursões sob condições climáticas adversas:
- a. Se há matéria líquida precipitando-se do firmamento¹ não se observa movimentação cíclica em direção ao meio exterior. Prováveis causas: bom senso; preguiça; aversão a enxarcar o corpo (seja ele o corpo da bicicleta, do próprio indivíduo ou dos demais indivíduos envolvidos).
- b. Se o clima se encontra desfavorável (conhecido popularmente por “tempo ruim”) mas não há sinal tátil ou visual de precipitação, os indivíduos desenvolvem atividades cíclicas externas. Prováveis causas: falta de noção; disposição excessiva; convicção² (mesmo que infundada) de iminente melhora das condições climáticas (popularmente conhecido por “pode até cair um temporal agora (cabruuumm!!!), mas quando eu saí de casa estava seco!”).
(¹) Força de expressão, pois se estivesse realmente firme não se precipitaria.
(²) Não confundir com convecção, um outro movimento cíclico.
No primeiro trecho o Firefox nos guiou pelas entranhas de Piraquara, passando pelo “Caminho Trentino”. O centro da localidade é a pequena Colônia Imperial de Santa Maria, lugarejo em que até saiu um pequeno downhill ensaboado. Boa parte deste caminho já era conhecido pelo odois, acidentalmente (literalmente).
Não-mais-muito foi feito por ali, de onde já seguimos para São José dos Pinhais - o objetivo do dia era comer o famoso “espetinho de tilápia”, tão comentado pelos colegas do nosso navegador Capelleti.
Alguns quilômetros à frente inicia-se uma garoa. A garoa foi adensando, espessando, engrossando e [cabruuummm!!!] logo estávamos sob uma marquise no meio da região rural, aguardando passar o temporal. O temporal não passava, mas o tempo sim. O tempo passava e a chuva ficava cada vez mais... mais, barulhenta! Como rege a suprema psicologia do comportamenteo cíclico (ainda não leste o Outrélio, meu caro? nem oeste?), não dá para reclamar: não saímos de casa com chuva. Tempo ruim no caminho é só acaso (e era o caso).
O clima até estabilizou depois - ficou estável, caindo um mundo de água. Os quilômetros seguintes foram de muita chuva, com direito a reparo de pneu molhadinho e tudo.
Ao chegarmos no pesque-pague que serve o espetinho (espetinho é humildade, parece uma baleia atravessada em um arpão) fomos convidados a nos dirigir ao “canto dos sujos” (não, não é um coral rural ou outra colocação marinha, é apenas um local resevado para... “sujos”). Tudo bem, acabamos pingando muito barro por lá pra compensar a indelicadesa (ou não) do proprietário.
Chegamos em casa depois de muito frio (coisa de quem é cicloturista roxo mesmo), muita água e muitas estradinhas (incluindo vários desvios desviados por desvios secundários, terciários e de outras eras geológicas - algo que, notaríamos, é característico do Vasco da Gama (o nosso navegador, não o time)).