Araçatuba
Nova temporada de montanha. Ou quase. Mais um acampamento do odois (o segundo?) com mochila nas costas ao invés de alforje nas pernas, realizado in sea saw (pronuncia-se em-si-só que, traduzido literalmente do idioma sérvio setentional, quer dizer na serra do mar).
Não-tão-perdidos quanto em outras ocasiões, galgamos o Morro do Araçatuba num frio e numa neblina que fizeram até o GPS se perder - ou melhor, nos perder. Tá, tudo bem, perdição à parte, a culpa não foi beeem dele...
Contamos com o Thiago em uma legítima performance motoboy, além de um convidado ilustre ilustragado (mas não tragado): o Cheps, aquele que vai e volta de cinco em cinco anos (peraí, já temos cinco anos?).
Para evitar uma monótona passagem pela BR376, providenciamos um pneu furado em São José dos Pinhais. Enfrenteando o frio pedalando na estrada, presumia-se: a previsão para a caminhada não é das melhores... Certamente aos muitos metros de altitude acima o castigo seria maior.
Que orgulho: mais um ciclo-acampamento em montanha! E mais uma vez o Thiago fez questão de adotar o modelo transitivo cargo-desportista (hein?). Já o dú tinha um objetivo daqueles que somente o setor de projetos tem: encontrar uma área de acampamento que conheceu em expedição anterior como recruta do CPM. Há que se dizer que a montanha é um tanto grande e conta com demasiadas trilhas para que se julgue viável atender esta expectativa, mas - menos mal! - num surto de identificação por similiaridade ele conseguiu encontrar cumprir o objetivo (afinal, tem que ter um objetivo).
- Modelo Transitivo Cargo-desportista
- Sistema híbrido com realimentação negativa que induz naturalmente a transição Ciclista → Montanhista. Em essência, alimenta-se a entrada ao pedalar carregando a carga completa em compartimentos capacitivos (ou simplesmente alforjes) até a base hexadecimal da montanha, contando com um compartimento potencial reserva (ou simplesmente mochila vazia). A função de transferência implica em, durante a mudança de base, transferir toda a carga para o compartimento potencial (sim, a mochila), transitando do modelo estável ciclista para uma saída em rampa ascendente de perfil montanhista.
- O modelo é claramente ilustrado pelo contraste entre as imagens 7, 8 e 9.
- Nota às vacas sacanas
- Não, não é nada direcionado a ninguém em específico. É que essa montanha é supostamente habitada por vacas, mesmo que não tenhamos visto nenhuma. Estas vacas criam novas trilhas a cada dia e, por motivos que competem à sua natureza, não dão nome às trilhas e nem demarcam com fitinhas coloridas o caminho, como fazem os montanhistas. Sacanas. Esse fato não é tão comum em montanhas - afinal, não existem vacas em todas. E é justo por conta desta sacanagem (fora outras avacalhações) que o Araçatuba é um caso especial de montanha que pede o uso intensivo do GPS.
Estabelecidos na área de camping, seguimos para um “cumezinho” próximo dali e também para o riacho abastecer a água. Vixi, como venta nas ventas nesse lugar! Pelo visto (e pela vista), definitivamente esta é uma das maiores montanhas da região. As provisões de suprimentos não foram das melhores: nossa janta acabou sendo dividida a partir do que o cheps tinha trazido somente para ele (coisa de montanhista de segunda - de segunda viagem!).
- Morro do Araçatuba
- Se você já desceu a serra da BR376 de Curitiba a Garuva em um dia limpo, com certeza viu o Araçatuba de longe. É o maior pico da região, com 1679m de altitude. A caminhada é considerada como de nível médio pelos montanhistas, possuindo duas bases de acesso. A principal fica no final da Estrada do Matulão.
Acesso: Na BR376, passando a Represa da Vossoroca, existe uma placa indicando a localidade de matulão. É só seguir pela estrada de terra e perguntar pelo Morro do Araçatuba. Mais informações.
Seria hipocrisia não usar a típica piada “só o cume interessa” em se estando acampado nessa montanha. Não dá para negar que a manhã não prometia nada além de “vão se perder na neblina”, mas no final - adivinha? - foi bem isso mesmo. Saímos em direção ao cume e levou muito tempo e muito vara-mato para conseguir atingir os tais 1679m de altitude. Lá em cima muito vento e muito frio também - e também não foi possível ver mais muita coisa.
Agora é só voltar! Um pensamento otimista para quem estava prestes a iniciar mais um procedimento “vara-mato” seguindo o azimute da fazenda base com o GPS. Até o acampamento foi um pouco difícil. Contudo, depois que desmontamos o acampamento e seguimos carregados, ficou ainda pior. Perdidinhos. É, é verdade: a melhor maneira de visitar o Araçatuba é com alguém que realmente conheça (e não com alguém que acha que conhece) pelo menos uma das duas trilhas principais do morro. Felizmente o GPS ajudou e chegamos à base.
Ironicamente o thiago repetiu o procedimento de “pt no bagageiro”, já protagonozado por ele na viagem de ponta grossa.
PT no Bagageiro: Não, o odois não está tomando frente política em nada. PT, no caso, quer dizer “Perda Total” - que, por sua vez, não quer dizer perda total.
Intervenção do 2º editor: Não vou discordar totalmente do paradoxo apontado, pois há que ser considerado que não existe um modelo transitivo...
Empurrão no 1º editor: Se for para explicar de forma tão clara, deixa que eu continuo! Por não ter fixado corretamente o bagageiro na parte superior da bicicleta, o thiago (e o dú também) presenciou um baga-giro que fez com que sua carga fosse ao chão. Todas e quaisquer presilhas de barraca e sacos de dormir angariadas no grupo foram utilizadas para conseguir fixar o bagageiro novamente. A recuperação, desta vez, não foi com base em parafusos milagrosos (não entendeu? então é porque não leu o projeto mencionado acima! humn!).
Ufa, que nota grande para ler! Depois dessa, chega de história! Chegamos em casa e ponto. E que venham outros acampamentos em montanha!
Expediente #
Texto por Dú, fotos por Lulis, ex-componente excelente excedente por Cheps.
Pedalado por du, lulis, thiago, cheps.
Publicado em 17 abr 2009.