Araçatuba

3 e 4 mai 2008 2 dias 143 km

Nova temporada de montanha. Ou quase. Mais um acampamento do odois (o segundo?) com mochila nas costas ao invés de alforje nas pernas, realizado in sea saw (pronuncia-se em-si-só que, traduzido literalmente do idioma sérvio setentional, quer dizer na serra do mar).

Não-tão-perdidos quanto em outras ocasiões, galgamos o Morro do Araçatuba num frio e numa neblina que fizeram até o GPS se perder - ou melhor, nos perder. Tá, tudo bem, perdição à parte, a culpa não foi beeem dele...

Contamos com o Thiago em uma legítima performance motoboy, além de um convidado ilustre ilustragado (mas não tragado): o Cheps, aquele que vai e volta de cinco em cinco anos (peraí, já temos cinco anos?).

Mapa & Tracks

1Acampamento no Araçatuba 1 dia 69 km
DIA 1 curitiba, matulão, araçatuba

Para evitar uma monótona passagem pela BR376, providenciamos um pneu furado em São José dos Pinhais. Enfrenteando o frio pedalando na estrada, presumia-se: a previsão para a caminhada não é das melhores... Certamente aos muitos metros de altitude acima o castigo seria maior.

Que orgulho: mais um ciclo-acampamento em montanha! E mais uma vez o Thiago fez questão de adotar o modelo transitivo cargo-desportista (hein?). Já o dú tinha um objetivo daqueles que somente o setor de projetos tem: encontrar uma área de acampamento que conheceu em expedição anterior como recruta do CPM. Há que se dizer que a montanha é um tanto grande e conta com demasiadas trilhas para que se julgue viável atender esta expectativa, mas - menos mal! - num surto de identificação por similiaridade ele conseguiu encontrar cumprir o objetivo (afinal, tem que ter um objetivo).

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Modelo Transitivo Cargo-desportista
Sistema híbrido com realimentação negativa que induz naturalmente a transição Ciclista → Montanhista. Em essência, alimenta-se a entrada ao pedalar carregando a carga completa em compartimentos capacitivos (ou simplesmente alforjes) até a base hexadecimal da montanha, contando com um compartimento potencial reserva (ou simplesmente mochila vazia). A função de transferência implica em, durante a mudança de base, transferir toda a carga para o compartimento potencial (sim, a mochila), transitando do modelo estável ciclista para uma saída em rampa ascendente de perfil montanhista.
O modelo é claramente ilustrado pelo contraste entre as imagens 7, 8 e 9.
Nota às vacas sacanas
Não, não é nada direcionado a ninguém em específico. É que essa montanha é supostamente habitada por vacas, mesmo que não tenhamos visto nenhuma. Estas vacas criam novas trilhas a cada dia e, por motivos que competem à sua natureza, não dão nome às trilhas e nem demarcam com fitinhas coloridas o caminho, como fazem os montanhistas. Sacanas. Esse fato não é tão comum em montanhas - afinal, não existem vacas em todas. E é justo por conta desta sacanagem (fora outras avacalhações) que o Araçatuba é um caso especial de montanha que pede o uso intensivo do GPS.

Estabelecidos na área de camping, seguimos para um “cumezinho” próximo dali e também para o riacho abastecer a água. Vixi, como venta nas ventas nesse lugar! Pelo visto (e pela vista), definitivamente esta é uma das maiores montanhas da região. As provisões de suprimentos não foram das melhores: nossa janta acabou sendo dividida a partir do que o cheps tinha trazido somente para ele (coisa de montanhista de segunda - de segunda viagem!).

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Morro do Araçatuba
Se você já desceu a serra da BR376 de Curitiba a Garuva em um dia limpo, com certeza viu o Araçatuba de longe. É o maior pico da região, com 1679m de altitude. A caminhada é considerada como de nível médio pelos montanhistas, possuindo duas bases de acesso. A principal fica no final da Estrada do Matulão.

Acesso: Na BR376, passando a Represa da Vossoroca, existe uma placa indicando a localidade de matulão. É só seguir pela estrada de terra e perguntar pelo Morro do Araçatuba. Mais informações.

2Cume do Araçatuba 1 dia 74 km
DIA 2 araçatuba, matulão, curitiba

Seria hipocrisia não usar a típica piada “só o cume interessa” em se estando acampado nessa montanha. Não dá para negar que a manhã não prometia nada além de “vão se perder na neblina”, mas no final - adivinha? - foi bem isso mesmo. Saímos em direção ao cume e levou muito tempo e muito vara-mato para conseguir atingir os tais 1679m de altitude. Lá em cima muito vento e muito frio também - e também não foi possível ver mais muita coisa.

Agora é só voltar! Um pensamento otimista para quem estava prestes a iniciar mais um procedimento “vara-mato” seguindo o azimute da fazenda base com o GPS. Até o acampamento foi um pouco difícil. Contudo, depois que desmontamos o acampamento e seguimos carregados, ficou ainda pior. Perdidinhos. É, é verdade: a melhor maneira de visitar o Araçatuba é com alguém que realmente conheça (e não com alguém que acha que conhece) pelo menos uma das duas trilhas principais do morro. Felizmente o GPS ajudou e chegamos à base.

Ironicamente o thiago repetiu o procedimento de “pt no bagageiro”, já protagonozado por ele na viagem de ponta grossa.

PT no Bagageiro: Não, o odois não está tomando frente política em nada. PT, no caso, quer dizer “Perda Total” - que, por sua vez, não quer dizer perda total.
Intervenção do 2º editor: Não vou discordar totalmente do paradoxo apontado, pois há que ser considerado que não existe um modelo transitivo...
Empurrão no 1º editor: Se for para explicar de forma tão clara, deixa que eu continuo! Por não ter fixado corretamente o bagageiro na parte superior da bicicleta, o thiago (e o dú também) presenciou um baga-giro que fez com que sua carga fosse ao chão. Todas e quaisquer presilhas de barraca e sacos de dormir angariadas no grupo foram utilizadas para conseguir fixar o bagageiro novamente. A recuperação, desta vez, não foi com base em parafusos milagrosos (não entendeu? então é porque não leu o projeto mencionado acima! humn!).

Ufa, que nota grande para ler! Depois dessa, chega de história! Chegamos em casa e ponto. E que venham outros acampamentos em montanha!

Expediente #

Texto por Dú, fotos por Lulis, ex-componente excelente excedente por Cheps.

Pedalado por du, lulis, thiago, cheps.

Publicado em 17 abr 2009.