Morro do Sete

14 nov 2009 1 dia 90 km

Esta poderia ser uma reunião de amigos, uma convenção de pedalantes ou mesmo uma confraternização de cicloturistas. E até seria, se não fosse mais do que isso: este foi um verdadeiro Desafio Interblogs. Não uma competição, mas sim um desafio de superação que reuniu aventureiros conectados no mesmo espírito: odois.org, Transpirando.com, Dois MegaPixel, Rafael Gassner e Fabrício Souza. Todos dispostos a correr (e pedalar) os riscos de uma atividade intensa (e tensa) de pedal com, com, com... conjugado com montanhismo e condenado a soltar as tiras de todo mundo!

No email de convocação já se via o tamanho do desafio pelo apelido - interblogs sete suicida não é exatamente um convite para passear no parque. Uma proposta de 12 horas de atividade (das 7 às 7!), pedalando até a cabeceira da estrada da Graciosa, subindo a densa e longa trilha do Morro do Sete e retornando sobre as bikes (e pedalando!). Não achou grande coisa, foi? Então interprete o gráfico abaixo e entenda melhor os riscos envolvidos...

análise de riscos

Partimos cedo (às 7, mas já meio atrasados) em peso, tomando a estrada do Alfaville até Quatro Barras. De lá curtimos a estrada D. Pedro II, a "Velha Graciosa", que encontra-se em obras em vários trechos (parte de asfaltamento, parte de restauração). Quase no final da estrada tomamos a "Trilha do Alemão", um agradável atalho para nosso primeiro destino: a casa de pedra, na base do morro do Sete (um parágrafo inteiro sem piada? isso só pode ser uma piada...).

Já cansados, suando pacas (característica fauno-climática da região morreteana nesta estação), fomos recebidos pelos amigos que já se ambientavam na chácara que serviria de base para a caminhada. A presença feminina, com direito a uniforme do odois, despertou comentários impagáveis dos pedalantes: "olha, no próximo interblogs quero uma recepção assim também", "bom, se vocês são o odois, elas são as odetes, certo?", e por aí foi...

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Morro do Sete e Mãe Catira
Você, que já olhou para cima alguma vez em que estava subindo a serra da graciosa, já deve ter visto que algumas montanhas habitam a região - algumas delas bem pedregulhosas e paredisíacadas (paredão mesmo). A principal delas é o Morro do Sete. É, sem dúvida, a mais imponente, vista de diversos recantos por ali. A origem do nome vem de uma marca perto do cume que muito se parece com o número 7.
Apesar de toda imponência, não é o ponto mais alto da Serra da Graciosa. Quem detem esse título é o Morro Mãe Catira, com cerca de 1450m. Mas não se preocupe: se ficou interessado, vai ter que passar pelo Mãe Catira pra chegar no Sete, é caminho. Hum.. Isso quer dizer subir até 1450m e depois descer até 1350m? Isso mesmo, e esse inclusive é um dos motivos de alguns expedicionários se perderem por ali. A descida entre o Mãe Catira (cerca de 1h) e o Sete é muito íngreme, o que desacredita qualquer um que imagina estar seguindo para um "cume". Não há porque se preocupar, um pouco depois começa a subir de volta).
Ainda que belos e próximos, os dois "morros" são pouco habitados pelos seres da montanha. Por esse motivo, a trilha costuma estar sempre bem fechada. Em alguns trechos a caminhada e os caminhantes são bastante prejudicados pela altura da vegetação.
No cume do Mãe Catira há uma marca geodésica (vide foto 42) - digna da nota porque há uma certa decepção ao chegar ao "cume": o mato é bem fechado, nada convencional para um "alto da montanha". O melhor ponto de observação e parada é uns 5 minutos antes do cume (volte!). Ou, se sobrar fôlego, mais uma hora pra o cume do Sete (esse sim, com uma bela vista).

Acesso: Um pouco antes do início da descida da serra, na estrada da Graciosa, há uma placa indicando "Casa de Pedra" à direita. Alguns minutos depois encontra-se a casa onde um simpático casal de idade acolhe os visitantes. A trilha começa por ali.

E foi mesmo. O thi, por exemplo, foi pra casa, enquanto os demais se aprumavam para subir. Cachorradas aéreas à parte, começamos a trilha do sete bem como ela é: subida íngreme, pesada, molhada e abafada (tropical, quente e úmida são qualificações merecidas). A caminhada intensa definiu naturalmente dois grupos, ficando as meninas e seus respectivos ancorados para trás: acabaram parando no meio do caminho, no cume do Mãe Catira (ou melhor, ali por perto, já que o cume oculta a vista).

O primeiro grupo, determinado a cumprir o desafio, tomou distância e seguiu até o cume do Sete, descendo e subindo mais um bom tanto. Mesmo com o tempo fechado, algumas brechas nebulosas permitiram a visada da baía de Antonina, da estrada da Graciosa e dos morros próximos (inclusive o sete e o mãe catira, reciprocamente).

Nota de Risco
Muita lama e vegetação à altura (à altura do peito) marcaram os riscos durante toda a trilha - marcaram pernas, braços, pescoço e o rosto dos intrépidos montanhistas que por lá se arriscaram...

No retorno, uma surpresa. Outro grupo que subia nos deixou um companheiro no alto do mãe catira: um filhote que já tinha perdido o medo de altura nas mãos do Stulzer. E se não tinha perdido, azar: ainda teve que voar mais algumas vezes... Trilha abaixo, refrescamo-nos nos providenciais riachos e, já mais descansados, começamos a levantar acampamento para retomar o pedal (pormaisque não tenhamos levado barraca alguma...).

Tomamos o acesso à BR116 pela Graciosa, e tomamos um belo caldo de cana com pastel (tamanho GG) próximo ao portal. Retomamos (o caldo de cana sempre tem um chorinho...) o caminho e acabamos (realmente, estávamos acabados!) nos despedindo aos poucos, pelo caminho. Exaustos e rasgados, uma certeza todos tínhamos: no fim das contas, vencer o desafio valeu todos os riscos!

ATRATIVOS curitiba, quatro barras, trilha do alemão, morro mãe catira, morro do sete

Mapa & Tracks

1 DIA

Expediente #

Roteiro interblogal por Du, texto, comentários e fotos por Lulis, mais fotos por Gassner(g) e Stulzer(s), parte da track GPS desafortunadamente extraída de Fabrício.

Pedalado por du, lulis, thiago, arce, fabricio, gassner, luiz, stulzer, jana, liege, pedro.

Publicado em 21 nov 2009.