Marumbi

6 a 8 fev 2005 3 dias 145 km

No carnaval passado o odois repousou carnavalescamente durante uma semana em Ipanema (de novo?). Em 2005, em função da falta de organização e de força de vontade, aprovou-se em reunião um recesso carnavalesco que precederia uma provável viagem à Iporanga.

O que muitos não esperavam - esperavam tão pouco que não participaram - é que no sábado haveria a confirmação de que os desocupados que ficassem em Curitiba teriam a opção de viajar, saíndo domingo e retornando terça, pra lugar qualquer. O objetivo? bem... o objetivo era equipar-se pra três dias e decidir na hora entre Lapa e Nnhundiaquara. Como se pode notar, a opção foi o Parque Estadual do Marumbi!

Lembrando que pela primeira vez o grupo viajou mais de um dia sem a presença do Lulis, sem a barraca do Lulis (substituída por uma canadense tão pesada que foi dividida em duas partes pra poder ser carregada), sem a câmera digital do Lulis (mal substituída pelo Bruno e compensada pelo Arce), sem os conhecimentos culinários do Lulis (até que deu pra comer o que tinha lá) e sem os erros de curva do Lulis (muito, muito bem substituído pelo Cheps).

Mapa & Tracks

1Rumo ao Parque 1 dia 75 km
DIA 1 curitiba, morretes, estrada das prainhas, pq. est. do marumbi

Depois do Bruno ter sido supostamente enganado pelo seu despertador o grupo conseguiu partir da casa do Arce pela BR277. A idéia inicial era descer a Serra pela Estrada da Graciosa - porém, como o tempo parecia fechar e já havíamos realizado o trajeto na semana anterior a caminho de Salto Morato, optamos pela Ecovia. Ainda deu tempo de adotar um cara que estava no SAU 3 para ir conosco até o início da Nhanha (lembra-se da Tríplice Aliança?).

Chegamos em Morretes quase ao meio-dia. Não paramos pois pouco antes do SAU 2 adquirimos algumas balas de banana que, com um cafezinho e algumas bolachas, enganaram como desjejum matinal. Após a transposição da intrasmutável reta entre Morretes e Porto de Cima chegamos ao pseudo-objetivo: a ponte de ferro sobre o Rio Nnhundiaquara. Du resolve aplicar seus conhecimentos sobre a região e indica ao grupo, com toda desorientação espacial, um possível caminho para o Parque Estadual do Marumbi. Na verdade ele só tinha uma pequena e vaga idéia de que aquele era o caminho mas, como sempre, todo mundo achou que ele estava certo das indicações...

Uma hora e meia depois já não havia nem barulho do Nnhundiaquara e, ao invés de carros, apenas pessoas com mochilas transitavam pela quase trilha. Apesar de ter passado por alguns campings estilo "vamos beber todas nesse carnaval e varar a noite na zona", resolvemos andar o famoso "só mais um pouquinho".

Mesmo antes de chegar à desativada estação ferroviária Engº Langue já haviam trechos em que, mesmo empurrando as bicicletas, a subida era extremamente cansativa. No local citado deparamo-nos com uma "inexplicável" vista... (já que é inexplicável não há motivo para comentar). Ali informaram-nos que ainda havia mais um trecho de trilha, depois de uma "serpenteada" da estrada de ferro, para chegar ao Parque. Esse último quilômetro foi o mais sofrido: subir inúmeros degraus de escadas de pedra e andar pelos trilhos com a bicicleta carregada não foi fácil... Finalmente a Estação Marumbi - um antigo sonho do odois estava sendo realizado naquele momento.

Após o registro com o voluntário e quase biólogo "..." (qual era mesmo o nome?) nos instalamos no camping do parque - que estava quase lotado - a única área na região em que é permitido pernoitar. Antes do anoitecer ainda deu tempo de tomar um banho na "Cachoeira dos Marumbistas", grande atração do local.

Não tem como não comentar do cidadão que carinhosamente apelidamos de "Bomber": ele chegou quase ao anoitecer com uma mochila gigante de montanhismo, descalço, calção do exército... ...correndo como um louco. Ao se aproximar do centro do camping largou a mochila e o que parecia ser sua esposa e continuou correndo até um trem abandonado (?¿). Ouvindo as histórias de outros campistas - e mesmo dele - soubemos que era um grande aventureiro e que realizou algumas façanhas relevantes (continuamos ?¿).

2Tentativa falha e volta pra casa 2 dias 70 km
DIAS 2 e 3 pq. est. do marumbi, rochedinho, cemitério dos grampos, cachoeira dos marumbinistas, curitiba

Logo cedo autoacordamo-nos pensando no próximo objetivo: subir até o cume Olimpo (1.539m de altitude, o mais alto do conjunto do Marumbi). Junto estavam mais dois caras, também de Curitiba, que estavam a alguns dias esperando o tempo melhorar pra subir.

Teríamos que subir antes das 7h para "burlar" a fiscalização do Parque que, certamente, impediria a saída devido ao mal tempo durante a noite. Depois, com um pouco de bom senso, entendemos que seria uma estupidez usar esse raciocínio. Devido a alguns atrasos o tempo não foi suficiente e, como já era esperado, fomos barrados. A única chance de subir o Olimpo seria após a chegada do gerente do Parque, às 10h, que iria decidir quanto à liberação.

Para passar o tempo tomamos café e subimos o chamado "Rochedinho" (que levou no máximo 1h entre ida e volta), além de visitar o Cemitério dos Grampos e a Pedra Lascada. Durante a volta nos surpreendemos com a palavra de alguns transeuntes que disseram que a saída para o Olimpo estaria liberada até às 11h - o relógio marcava 10:50h, só pra dar uma emoção! Correndo um pouco, fizemos os devidos (e muito necessários) registros na administração e iniciamos a subida.

Apesar de nenhum de nós já ter subido - e nem ter experiência no assunto - nos viramos bem com a sinalização da trilha. Durante um dos muitos paredões, trechos em que a escalada da trilha é vertical, encontramos dois "aventureiros" que passaram a informação do mau tempo e condições impraticáveis à partir da primeira encosta com vista. Seguimos até lá pra devida certificação da "dica". Realmente, a chuva estava cada vez mais forte e o vento também. Depois, olhando no mapa, soubemos que o trecho do retorno já representava mais da metade da subida, o que foi gratificante o suficiente para nós, iniciantes.

No dia seguinte, após um café bem fraco, devido à distância do parque à qualquer tipo de comércio alimentício (7km), partimos trilha abaixo. O primeiro trecho, das escadas, foi um pouco sofrido e barulhento, utilizando muito os freios e sacudindo a bagagem. Depois da estação Engº Langue foi um downhill e, apesar da barulheira da panela, barraca entre outros, a trilha estava muito boa... Tão boa que aumentava a empolgação e a ousadia, motivo pelo qual o cheps caiu pela primeira vez. Visando apenas "pegar o óculos no bagageiro", o pequeno tombo rendeu algumas raladas.

Alguns quilômetros adiante chegou o que pode-se julgar de pior descida - ou com mais inclinada. A maior prova disso é que no final dela existe uma espécie de recanto onde provavelmente algumas bicicletas e carros já caíram. Providos dessa informação, todos seguraram e passamos a curva tranquilos.

No máximo 20m à frente, já em uma reta, du, último da fila, defrontou-se com o que parecia mais uma brincadeira do estilo "escondi minha bicicleta no mato, quem poderá me salvar?". Ao menos essa foi a idéia que o Cheps quis passar pra tranquilizá-lo... A situação só se esclareceu quando todos viram a bicicleta atirada no barranco e o cheps com algumas partes do corpo raladas ou sangrando. Com a ilusão de que era um pseudo-acostamento ele foi, mas não conseguiu segurar. Acabou por cair e ralar o peito, braços e pernas - até o piercing do mamilo foi parcialmente retirado. Após constatar que não rolou mais pra baixo por causa de uns galhos, aplicamos água oxigenada nas partes feridas da criança e seguimos viagem!

Expediente #

texto por Du.

Pedalado por du, bruno, cheps, arce.

Publicado em 29 mar 2005.